De há 21 anos a esta parte, esta altura do ano é das mais tristes da minha vida e o dia de hoje marca o antes e o depois da minha existência e dos meus laços com a minha avó. Ano após ano, e já lá vão tantos, uma vida, parece que tudo se passou há dias atrás. Ainda tenho a voz dela clara nos meus ouvidos, os passos dela, o cheiro do perfume, o carinho dos seus beijinhos. Tive uma avó austera, sim, à antiga. Que me transmitiu muitos dos valores pelos que me continuo a reger. Era uma pessoa pela verdade, por muito má que ela fosse. Era uma pessoa de causas, que lutou toda a vida para alcançar o que quis. Foi uma pessoa que mesmo após 2 cancros muito chatos, fazia por não parar, e ao seu modo trabalhou até ao fim, quanto mais não fosse a passar a ferro a roupa da filha e das netas 5 dias antes de morrer.
Sofreu imensos dissabores na vida, depois a doença, mas tinha uma força que fazia dela um furacão por onde quer que passasse. Precisava dormir pouco para repor energias e era de uma dedicação aos outros, inspiradora. Até me lembro que até hoje foi a única pessoa que me deu injecções de penicilina e eu não sentia nada. Tinha umas mãos e emanava dela uma humanidade que faziam dela um Ser muito especial. Por isso ainda não consegui perceber duas coisas: porque teve que sofrer tanto com 2 cancros e porque foi tão cedo. É daquelas pessoas que não precisava de sofrer mais. Ela não.
Fiquei sem uma avó formidável cedo demais, uma daquelas pessoas a quem devo a vida, a quem devo muito do que sou e que, mesmo sem a ter há 21 anos, ainda lhe consigo ir retirar lições nos meus momentos mais amargos. Já dei comigo a pensar, “ nesta situação a avó não baixaria os braços” e vem das minhas entranhas uma força que muitas vezes penso que é o que me mantém viva. Já não vou ao jazigo há bastante tempo. Não estou em condições para ir ali e “ ouvir” silêncio, tristeza e saudade. Mais do que a que tenho, aquela local traz-me más recordações. Apetece abrir aquilo, dizer “avó, acabou a brincadeira e vamos lá conversar”, apetece-me o abraço dela, sentir aquela força e coragem, brutalidade por vezes, e os beijinhos que em pequena me dava na ponta do nariz.
O tempo não apaga, o tempo não apazigua, o tempo não resolve...muito pelo contrário.
Gosto cada vez mais de si Avó. Jamais a esquecerei e recordá-la-ei sempre no meu coração.
Sofreu imensos dissabores na vida, depois a doença, mas tinha uma força que fazia dela um furacão por onde quer que passasse. Precisava dormir pouco para repor energias e era de uma dedicação aos outros, inspiradora. Até me lembro que até hoje foi a única pessoa que me deu injecções de penicilina e eu não sentia nada. Tinha umas mãos e emanava dela uma humanidade que faziam dela um Ser muito especial. Por isso ainda não consegui perceber duas coisas: porque teve que sofrer tanto com 2 cancros e porque foi tão cedo. É daquelas pessoas que não precisava de sofrer mais. Ela não.
Fiquei sem uma avó formidável cedo demais, uma daquelas pessoas a quem devo a vida, a quem devo muito do que sou e que, mesmo sem a ter há 21 anos, ainda lhe consigo ir retirar lições nos meus momentos mais amargos. Já dei comigo a pensar, “ nesta situação a avó não baixaria os braços” e vem das minhas entranhas uma força que muitas vezes penso que é o que me mantém viva. Já não vou ao jazigo há bastante tempo. Não estou em condições para ir ali e “ ouvir” silêncio, tristeza e saudade. Mais do que a que tenho, aquela local traz-me más recordações. Apetece abrir aquilo, dizer “avó, acabou a brincadeira e vamos lá conversar”, apetece-me o abraço dela, sentir aquela força e coragem, brutalidade por vezes, e os beijinhos que em pequena me dava na ponta do nariz.
O tempo não apaga, o tempo não apazigua, o tempo não resolve...muito pelo contrário.
Gosto cada vez mais de si Avó. Jamais a esquecerei e recordá-la-ei sempre no meu coração.
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