Avançar para o conteúdo principal

E por mais que tentemos proteger os miúdos, eles percebem sempre

Não levei a miúda comigo para colocar os aparelhos, disse-lhe que isto era um exame simples e indolor. Queria porque queria ir, porque não me queria deixar sozinha.
Lá lhe expliquei que enquanto me estivessem a colocar as coisas ela teria que esperar, pelo que não valia a pena.

Quando a fui buscar, dado o volume do que tenho colado à cintura, parecis estar grávida à vontade de uns 6 meses - quis ver, tudo bem, lá lhe disse que aquilo não custava nada, apenas tinha que ficar quieta sempre que o aparelho que mede a tensão começasse a funcionar - ela também já mediu a tensão, pelo que achei que seria tranquilo.

Comentário antes de se deitar:

"Mamã, quando as pessoas estão a morrer e vão para o hospital, os médicos fazem com que elas vivam mais tempo, não é!? Eu não tenho mais ninguém e tu não podes morrer mamã!"

Bom, atrever-me a dizer que não morro, não o faço. Vou pela via óbvia de que não devemos pensar nessas coisas, que tem muita gente que gosta dela e nunca ficaria sozinha e que, mesmo se me acontecesse alguma coisa, em forma de estrela eu estarei sempre lá.

Era daqueles dias em que para a proteger de potenciais dúvidas, preferiria que ela o tivesse passado longe de mim, por outro, talvez seja esta nossa vida de ligação ao extremo, porque somos apenas nós as duas no dia-a-dia, literalmente nos bons e maus momentos, que  faça ser mais forte, corajosa e lutadora, acima de tudo, sem grandes temores. Se o resultado for esse, o meu destino afinal teve uma finalidade bem válida. O termos que lutar por nós próprios e estarmos muitas vezes sós nessa luta, torna-nos incrivelmente não digo que sempre mais fortes, mas pelo menos mais resistentes.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Já começo a sentir o cheiro a férias...

Embora esteja a braços com uma bela gripe de Verão; antes agora, do que daqui a uns dias.

Folder "Para quê inventar" #6

 Também existe quem publicite "Depilação a Lazer"!  Confesso que quando olhei há uns dias para uma montra de um instituto, salão ou lá o que é de "beleza" fiquei parada por alguns momentos, não sabendo bem se deveria benzer-me, fazer serviço público e ir avisar as pessoas que aquilo estava mal escrito ou pura e simplesmente, seguir o meu caminho. Foi o que fiz, segui o meu caminho, porque na realidade não me foi perguntado nada, portanto não vale a pena entrar em contendas com desconhecidos à conta de ortografia. Mas...."depilação a lazer" é mesmo qualquer coisa! Para mim, não é mesmo lazer nenhum e posso confirmar que provoca até uma sensação algo desconfortável no momento, que compensa depois, mas daí a ser considerado lazer, vai uma distância extraordinária.

RIP - Seja lá isso o que for

 Sabemos lá nós se o descanso será eterno, ou mesmo se haverá esse tal descanso de que tanto se fala nestas situações. Sei que estou abananada. Muito. Penso na finitude e de uma maneira ou outra, já a senti de perto. A nossa evolução desde o nascimento até à morte é um fenómeno ambíguo e já dei comigo a pensar que sempre quis tanto ser mãe, que me custou tanto o parto da minha filha para lhe dar vida e que ela, tal como eu, um dia deixará de existir. Não me afecta a minha finitude, já desejei o meu fim precoce algumas vezes, mas não lido com pragmatismo com o desaparecimento de outras pessoas, nomeadamente das pessoas que me dizem ou até disseram algo. Hoje, deparo-me com uma notícia assim a seco e sem preparação prévia. Mas como é que um colega de quem recebi mensagens "ontem" pode ter morrido!? E vem-me sempre à cabeça aquele tipo de pensamento: "mas eu recebi ontem um email dele", espera, "eu tenho uma mensagem dele no Linkedin", "não, não pode, en...