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Deslizes matinais

 Acordar às 06:45h é duro, pelo menos para mim. Por isso deixo tudo o mais organizado possível de véspera para que no próprio dia a mecânica impere e se sobreponha ao acto de pensar no que fazer a seguir; em suma, lá em casa actuamos tipo linha de montagem do pioneiro Ford T e se há desvio, a linha de produção pára, literalmente. Eu consigo raciocinar a qualquer hora do dia, mas de facto de madrugada prefiro funcionar tipo robot.

Portanto só olho com olhos de ver para a minha filha quando estamos a sair de casa, até aí, sem lentes e ainda a acordar, é para esquecer. Hoje, não foi excepção pelo que ainda em fase de calibrar neurónios e sinapses cerebrais apercebo-me que algo nela não está bem, mas...o quê!?

A minha cabeça parecia a cabeça do Terminator com fórmulas por todo o lado, mas cheguei lá: então não é que a senhora dona minha filha ia sair de casa com umas calças de ganga todas rasgadas!? Atenção que o meu conservadorismo não chega aí, porque eu própria visto calças rasgadas, mas há rasgões com classe e depois há rasgões à rufia em que existe 20% de tecido e 80% de perna à mostra. Pois era assim que ela estava.

Eu não passei as calças daquela maneira, portanto presumo que houve ali uma mãozinha anã a rasgar as calças até ao limite - e assim ia ela com um aspecto sabujo para a escola às 07:20h da manhã.

Ia, mas não foi. E ter que gerir estas coisas aos 43 anos e 3/4 pouco depois de acordar faz-me crer que algures no dia do Juízo Final, algo terão que me descontar em termos de pecadilhos.

No fim, acho que ela até percebeu que aquilo não eram calças rasgadas - era mesmo falta de roupa!

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