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02 de Março

Pois passa mais um ano e o meu progenitor, caso ainda faça parte deste mundo fará parece que 61 anos, ao que diz a minha mãe, e eu acredito.

A imagem que tenho dele é de um jovem de pouco mais de 20 anos, alto, magro, com umas mãos bonitas que eu herdei....e pouco mais. Da última vez que o vi já estava na casa dos 40, mas continuava com aquele ar jovem e engomadinho que lhe é característico. Tem postura o homem, veste bem, é muito elegante e tem uma coisa que eu adoro ver nos homens (aliás, 2 - uma repito que são umas mãos lindas, do mais lindo que vi até hoje, e outra, o facto de ser asseado e ter sempre os sapatos a brilhar).
A parte dos sapatos a brilhar talvez seja herança dos tempos de militar, um Sr. Major não se pode apresentar sem estar impecavelmente fardado e arranjado.

Eu tenho os dentes mais bonitos do que ele, mas herdei o facto do maxilar superior ser ligeiramente desnivelado para o exterior, em relação ao maxilar inferior - a boca da Bébécas é igual!

E pronto, geneticamente não nego que sou filha dele, as semelhanças físicas e intelectuais estão lá, tenho um progenitor algures por aí que amanhã fará anos...mas perdoem-me a franqueza, o meu pai é o avô Zé.

Avô Zé, porque é o "avô" da Bébécas, pessoa que ela adora e ele a ela, e não sendo o meu pai geneticamente falando, nem nunca o tratei por essa palavra, foi e é o pai que tive. Não é perfeito, nem de longe, mas posso dizer que foi o meu melhor amigo, desde sempre.

Nunca o venerei como via algumas das minhas amigas a venerar os pais, mas pelo contrário tinha uma relação com ele tão positiva que também não as via terem com os delas; era ele que se apercebia das minhas paixonites agudas pelos colegas da escola, era ele que intercedia a meu favor para a minha mãe refrear alguma severidade, fazia-me as vontades com as roupas/sapatos de marca, blá blá blá.

Não o tratando directamente como pai, no Dia do Pai não falhava o belo do presente para ele, e sempre que se impunha algo na escola ou na presença de amigos era: "olhem o carro novo do meu pai", "fiz este exercício de matemática com a ajuda do meu pai" e por aí fora.

O meu pai do coração nunca me levantou a voz, nunca me deu uma palmada, e passou muito mais tempo comigo, do que com qualquer dos filhos biológicos que teve - concordo que não seja assim tão positivo para eles, mas pelo menos sabem que o pai deles foi uma figura de extrema importância para mim. Confesso que nem sempre fui uma criança fácil e uma vez ele zangou-se comigo porque eu decidi que não lhe ia fazer um recado que ele pediu; o episódio passou e hoje rimo-nos disso.

Interessante é o facto de se celebrar um aniversário natalício do meu progenitor, e eu dedicar estes pensamentos ao meu padrasto; há pessoas que se limitam a passar na nossa vida, outras deixam-nos boas recordações.

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