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Quando o Cinema toca as nossas Emoções

Para quem já sabe...repito, para quem não me conhece, aqui fica uma dica. Adoro cinema!

Desde muito tenra idade que me recordo que a minha Mãe sempre se esforçou para que eu tivesse uma relação chegada com as artes em geral;portanto as idas ao cinema para ver o Pinóquio e afins começaram muito cedo, as idas ao teatro, aos museus, aos monumentos...até tive o privilégio de adormecer ao som de sinfonias clássicas tocadas ao piano pelas belas mãos da Mãe. Sim, tive os meus privilégios, bons momentos guardados com saudade no cantinho das memórias.

Mas hoje vou centrar-me apenas no cinema; voltarei aos outros temas oportunamente.
Se bem que seja muito subjectivo dizer que gosto de vários géneros de cinema, desde que seja de qualidade, isso é um facto. Não renego uma boa comédia romântica, não renego um bom filme de guerra ou um bom documentário, não renego um bom filme autobiográfico. No fundo para mim um bom filme tem que mexer com as minhas emoções, com os meus sentidos, com os meus sentimentos.

Ao longo destes anos de vida recordo algumas obras de arte com grande admiração por quem as criou e interpretou; poderia falar de Citizen Kane e do tão importante "Rosebud" para Orson Welles, poderia falar de The Fountainhead (Vontade Indómita), poderia falar da minha predilecção por Steven Spielberg, Ridley Scott ou Oliver Stone e...sim...George Clooney...mas aí já começava a sair disparate, pois para além das suas qualidades como actor, estamos também perante um caso de charme nato.

Enfim, sou uma assídua frequentadora das salas de cinema que por aí proliferam e posso dizer que não via há algum tempo um filme tão bom, tão cativante e que me tenha tocado tanto como Atonement (Expiação). A riqueza dos cenários, a fotografia, a qualidade dos intérpretes, o argumento, a beleza simples e tocante de Keira Knightley...foram surpresas atrás de surpresas.
Surpresas à parte é-nos explicitado de uma forma tão genial, como é que uma mentira tem o poder de mudar o rumo de uma estória. Emocionei-me...chorei.
E é este tipo de entretenimento a que deveríamos ser sujeitos, cada vez mais...não vale a pena se não mexer com as nossas emoções.

Outra surpresa agradável foi um filme com o maravilhoso actor Morgan Freeman;intitula-se "O Banquete do Amor" e na altura de adquirir os bilhetes confesso que ambos (eu e a minha companhia dessa sessão) nos entreolhámos com alguma desconfiança...não estávamos virados para um filme lamechas de exploração de cenas muito lindas, românticas e floreadas. Decidimos arriscar, muito motivados pela "presença" de Mr. Freeman.

Um filme simples, com uma boa história...voltei a emocionar-me, desta vez com algum sarcasmo à mistura. O personagem principal tinha uma certa tendência para a asneira, para relações que realmente não o levavam a lado algum; a primeira mulher decide trocá-lo por outra (sim, outra), a segunda foge com outro...enfim, estávamos perante um mártir desajeitado e infeliz que já tinha medo da própria sombra. Simpatizei com o personagem e retratei-me nalguns pontos...entenda-se...pela tendência para a asneira. Podia bem ser o meu alter-ego.

Mas eis que com outros romances e histórias paralelas à mistura, o mestre Freeman num papel à sua medida. O bom amigo que actuava também como conselheiro, voz da consciência...extraordinário. Diz ele que:

1. Não podemos partir para uma situação com medo e com reservas pelo que sofremos antes
2. Devemos partir...e logo se vê
3. Mas mais importante - se "olharmos" com atenção no início da história, o fim está sempre lá, nós é que nem sempre o queremos ver

Máxima do Filme - Salta, deves saltar sempre...mas de olhos abertos.

Sem dúvida que tinha que tocar nas minhas emoções.

PS: Aconselho vivamente a quem lhe agrade o tema das emoções, as seguintes leituras; O Erro de Descartes e O Sentimento de Si (ambos de A. Damásio) e o Ensaio Sobre a Cegueira (José Saramago)

Comentários

Unknown disse…
Boa noite, minha amiga, tal como tu também adoro cinema, todos esses grandes mestres e outros mais, sim o meu gosto também vai do intelectual e alternativo aos blockbusters americanos, a mim o que me mais me atrai é a construção do filme, desde o argumento, à realização, fotografia passando pela representação, evidentemente, agora se ele é feito por Ingmar Bergan ou por Spielberg, não me interessa, desde que haja qualidade.
Em relação aos filmes que tu comentaste, infelizmente ainda não os vi, o "Expiação" tenho grandes referencias dele e está na lista para consumo, em relação ao outro, vou ser sincero, não estava mesmo nos planos... Mas agora não sei, estou a pensar...
Fica bem
Pipas

P.S. A partir de sexta 15, vai sair no jornal Público uma colecção de DVD's/livros sobre a história do cinema, traz um filme e a história dele.
Os filmes são todos de grandes mestres, começa com Chaplin, passando por Bergan, Wells e outros tantos, 1º filme perto de 5 euros, restantes, perto de 10 euros, penso que é de aproveitar

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