Existem conversas difíceis, eu sei. E imagino que haja temas que, pelo seu peso e carga negativa associados, não sejam muito glamourosos. Mas eles devem ser esclarecidos. A forma como lido com a (minha) morte é muito básica e estruturada. Não vou cá ficar eternamente, como ninguém o vai, desenganem-se. Achava que iria morrer aos 33 anos…nada de transcendental por seria idade de Cristo, mas algo me dizia que sim, e o como. O como entretanto já sofreu alterações no subconsciente e quanto à idade…errei.
Mas isto pode ser tudo uma questão matemática. A minha avó vaticinava o mesmo e partiu com 66, o dobro perfeito. Portanto seja com que data for, em que idade for, o número 33 terá lá a sua representatividade, isso é claro para mim.
Medo dessa inevitabilidade, não tenho - tenho uma profunda pena de deixar para sempre quem gosto e obviamente que a minha filha estará sempre no topo dessa pirâmide. Depois quiçá deixarei um grande amor, esse grande amor que estará por aí algures a pairar neste planeta, nós é que ainda não chocámos um no outro, ou andamos desencontrados, deixarei a família, alguns amigos. Mas todos sem excepção viverão sem mim, com mais ou menos saudade. Porque a vida continua e assim sempre será.
Passados 23 anos ainda choro pela minha avó e por tudo o que ela foi para mim, ainda dou comigo a achar que a morte do meu padrasto se tratou de um pesadelo do qual vamos acordar amanhã e a morte de algumas outras pessoas que encaixei mas não acho justas, pela sua precocidade.
Por isso, é muito mais fácil para mim lidar com o meu destino mortal, do que com o dos que amo. Detesto vê-los partir para sempre e deixei sempre tantas coisas por dizer. Uma pessoa em especial que partiu há quase 6 anos deixou-me esse vazio e algum remorso. Não estive lá, por condicionantes da vida soube da iminente partida poucos dias antes do desfecho, despedi-me, mas uma despedida a uma pessoa em coma e sem ter tido a oportunidade de o fazer antes, deixou-me com uma mágoa contra mim própria, e jamais me perdoarei.
Para mim, não quero despedidas, não quero nada. Não quero passar por uma situação de reanimação, não quero flores, porque já em vida…eu detesto que me dêem flores. Já recebi Ramos de flores magníficos, com mais ou menos romance associado à mistura, nunca os descartei, por uma questão de educação e, acima de tudo, por respeito a quem tão terno gesto teve para comigo e que não tem culpa que eu seja parva. Portanto nada de reanimação, nada de flores, nada de olhos com lágrimas numa capela qualquer.
Vejo esse fim como o fechar de um ciclo e até o terminar de lutas interiores, mágoas e afins. O deixar de levar pancada da vida, de cometer erros também é inevitavelmente a despedida, o até sempre ou até nunca. É tudo uma questão de perspectiva.
Mas por que raio quando digo estas coisas aos meus, parece que estou a cometer uma blasfémia!?
Não obstante para que conste era interessante que antes disso ainda conseguisse fazer umas coisitas: ser mãe da minha filha até poder, estudar o que me falta para me sentir realizada intelectualmente, o tal amor que anda por aí algures, e as minhas viagens de sonho. Se assim for, morrerei em paz. Mas se não for, em paz morrerei. Sinto que tenho muito, mas mesmo muito para evoluir, mas também sinto que já evoluí mais nos últimos 2/3 anos, do que alguma vez pensei ser possível.
….reminiscências minhas como meu é este blog
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