Ontem à noite falava com a minha mãe e a meio da conversa perguntou-me se eu sabia alguma coisa acerca do estado de saúde de Jorge Sampaio, assim, do nada.
Disse-lhe não ter lido nada acerca disso nos últimos dias, mas que algo me dizia que estaria à beira do fim, e provavelmente mais dia menos dia o inevitável aconteceria, dada a debilidade visível e todos os problemas de saúde que tinha. Falámos um pouco sobre ele e trocámos memórias e depois falámos de outras coisas.
Não esperava contudo que a notícia mais partilhada hoje de manhã fosse efectivamente a da sua morte.
Já não se fazem homens assim: culto, um gentleman, inteligente, progressista, educado, com sentido de humor, distinto, corajoso e com uma sensibilidade acima da média. Chorava e emocionava-se quando algo o tocava e isso é de uma honestidade brutal.
Não vou cá em clichês dos Presidentes de todos os Portugueses - há presidentes que embora os respeite enquanto tal e tenha que levar com eles, não são nem serão o meu Presidente em termos ideológicos. Vivo numa democracia e tenho que aceitar as escolhas da maioria, por muito que me possam desagradar.
No caso do Dr. Jorge Sampaio, foi um dos meus presidentes - as primeiras eleições em que pude exercer o meu direito de voto, acabada de fazer 18 anos, acabada de entrar na Faculdade. E tenho-o como um homem sensato que se viu a braços com um grande desafio no seu mandato.
E hoje é dia de enaltecer a sua vida e lamentar a sua morte. Até sempre Sr. Presidente.
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