O irónico é que na grande maioria dos casos analisam os factos de uma forma exógena. Nada contra mas, dá que pensar.
Uns/umas querem aumentar o tamanho dos seios, corrigir o nariz, colocar implantes de cabelo porque não conseguem lidar com a alopecia genética ou própria da idade, sobretudo nos homens, ácido hialurónico e botox na face…tudo para contrariar as mazelas próprias da idade, idade essa que no matter what vai continuar a constar nos documentos oficiais e legais.
Reafirmo que não tenho nada contra e as clínicas de estética precisam de clientes, mas não observo o mesmo fervor em corrigir as questões endógenas, o interior tão ou mais defeituoso que o exterior. Porque interessa a montra, não interessa o conteúdo, não importa o que mais importa…que redundância.
Os profissionais de saúde na área de psiquiatria, psicologia, coaching e afins tão pouco têm mãos a medir mas por norma são procurados para ajudar a compor interiores quebrados, sabotados, auto-estimas, dilemas…não são magos, não conseguem transformar quem não sabe analisar o seu interior, mas acredito que se cada um olhasse para dentro de si, como olha, qual Dorian Gray para o seu retrato, e tivesse essa vontade manifesta de ter um interior tão perfeito, ainda que com a ajuda de bisturi, como o exterior, as relações humanas estariam num estágio bem superior.
Sou uma idealista e sê-lo-ei até morrer, mas cada vez mais desconfio da espécie humana. São tão poucos ou raros os seres humanos que de facto evoluem emocionalmente, naquele campo dos afectos, do olhar para o outro e entendê-lo verdadeiramente, respeitá-lo e deixando os interesses pessoais de lado harmonizar. É disso que se trata. É isso que fica no coração, ou que deveria ficar. O verdadeiro interesse pelo outro ser humano, pelo seu semelhante, pelo seu parceiro, pelo seu amigo.
Mas a fogueira das vaidades está cada vez mais ao rubro, e persiste em ser alimentada com acendalhas de egos.
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