Aquelas saídas inesperadas que, quando ainda por cima são coisas do nosso agrado, ainda sabem melhor
Mas na verdade eu não estava nada virada para aquilo, assim de repente, sem antecipação, sem preparação psicológica de não ir directa para casa para o meu ninho quentinho do meu sofá.
Ir buscar a cria ao colégio e em vez de me dirigir ao meu refúgio, qual quê, voltar a pegar no carro, ainda subir àquele maléfico 3º andar para pôr a miúda a fazer xixi, caso contrário iria dar-me cabo da mioleira, e deixar a mochila, senão à hora de chegada teria que alancar com os perto de 40kgs dela, mais o chumbo da mochila, lancheira - não será difícil com uma aritmética da Primária perceber que traria o dobro do meu peso às costas e uma bexiga cheia, o que é sempre perigoso.
Mas quando nos dizem, tens 1 convite com 2 bilhetes no Teatro da Trindade para veres a Anne Frank, escolhe a companhia...a companhia teria que ser a minha Ana Rita pois está claro. Porque é uma boa companhia, porque sabe quem foi a Anne Frank, porque já me havia pedido para irmos ver a peça...portanto assim que entrou no carro e lho disse, delirou com questões.
Se a Anne tinha ficado com o Peter - a minha filha começa a revelar estas ideias românticas.
Como é que ela podia ter ficado com o Peter, se ela morreu com 15 anos, coitadinha!? - disse-lhe eu.
Não é isso mãe, mas enquanto estiveram escondidos, namoraram!?
A pergunta que me aturdiu, isto porque embora ela saiba passagens, ainda não a deixei ler o livro, foi como se tinha produzido a morte dela, se numa câmara de gás ou num forno crematório. Bom, já está a um nível do saber do que foram os feitos do anti-semitismo acima do que eu imaginava, mas lá lhe reduzi o nível de asco, neste caso, dizendo-lhe que apesar de ter falecido num campo de concentração, teve mesmo muito azar, porque foi a escassos dias da libertação do mesmo e não foi por execução flagelada. Não deixou de ser fruto de uma execução, ou não estivesse ela encarcerada num Campo de Concentração e de Extermínio, mas teve o azar de apanhar uma doença naquela altura fatal, ainda por cima com a fragilidade física a que chegou, fome, etc.
Sei que a peça tem pouco mais de duas horas de duração, à noite, uma noite algo chuvosa, depois de um dia de escola para ela e ela portou-se que nem a adolescente em quem se está a tornar. Temos falado imenso da temática, não só do Holocausto e suas vítimas, mas de algo mais regular - a maldade humana com que nos deparamos até nas nossas relações do dia a dia. Está a crescer aquela cabecinha, mas depois, quando chegamos a detalhes mais duros, opto por diversificar e ir buscar o Mickey, o Pluto, a Minnie e restante pandilha. Há que desdramatizar, senão damos em loucos, apesar de já o sermos um pouco.
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