Avançar para o conteúdo principal

Como um sopro

Há 9 anos atrás estava a apenas duas semanas de a ter nos meus braços pela primeira vez, e que últimas semanas aquelas foram. Com todo o respeito, sinto que vivi a minha Via Sacra naqueles tempos. As dores, o desconforto, o peso, as ameaças de parto e tanta tristeza num momento que deveria ser apenas feliz, mas a verdade é que depois de ver a carinha dela, por momentos e que foram apenas nossos, tudo passou para segundo plano e lembro-me de dois pensamentos partilhados naquele bloco cirúrgico entre mim e a Divina Providência:

 - Que ela tivesse saúde
 - Que tivesse sucesso escolar

Parecem desejos estranhos logo após dar à luz e estar a conhecer pela primeira vez um filho, mas só quem passa pelos momentos que eu passei conseguirá compreender que naquele momento não sabia se teria forças para suportar a falta de saúde de um filho e, pensando num futuro próximo, que ela não desenvolvesse as capacidades intelectuais de modo a ter sucesso na escola - quando sabemos que  estamos quase sós no mundo e nos deparamos com a responsabilidade árdua de educar uma criança, o querer que eles tenham sucesso assume contornos ainda mais exacerbados do que para uma família dita normal e feliz. Sentir que tudo nos vai pesar nos ombros nos próximos anos e a responsabilidade que isso acarreta talvez seja das coisas mais penosas com que temos que lidar.

Se correr bem, a criança é um espectáculo, mas se correr mal...a culpa é da mãe. E por isso, não quero colher quaisquer louros e reitero que um dia que já não esteja por cá, gostaria que a minha filha se lembrasse de mim como "uma mãe porreira". Agora, continuo a transbordar de orgulho por ter uma filha que não é de todo uma criança fácil, mas que continua a ser uma boa aluna, tem generosidade na alma e uma boa dose de traquinice.

É a minha menina...

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Já começo a sentir o cheiro a férias...

Embora esteja a braços com uma bela gripe de Verão; antes agora, do que daqui a uns dias.

Folder "Para quê inventar" #6

 Também existe quem publicite "Depilação a Lazer"!  Confesso que quando olhei há uns dias para uma montra de um instituto, salão ou lá o que é de "beleza" fiquei parada por alguns momentos, não sabendo bem se deveria benzer-me, fazer serviço público e ir avisar as pessoas que aquilo estava mal escrito ou pura e simplesmente, seguir o meu caminho. Foi o que fiz, segui o meu caminho, porque na realidade não me foi perguntado nada, portanto não vale a pena entrar em contendas com desconhecidos à conta de ortografia. Mas...."depilação a lazer" é mesmo qualquer coisa! Para mim, não é mesmo lazer nenhum e posso confirmar que provoca até uma sensação algo desconfortável no momento, que compensa depois, mas daí a ser considerado lazer, vai uma distância extraordinária.

RIP - Seja lá isso o que for

 Sabemos lá nós se o descanso será eterno, ou mesmo se haverá esse tal descanso de que tanto se fala nestas situações. Sei que estou abananada. Muito. Penso na finitude e de uma maneira ou outra, já a senti de perto. A nossa evolução desde o nascimento até à morte é um fenómeno ambíguo e já dei comigo a pensar que sempre quis tanto ser mãe, que me custou tanto o parto da minha filha para lhe dar vida e que ela, tal como eu, um dia deixará de existir. Não me afecta a minha finitude, já desejei o meu fim precoce algumas vezes, mas não lido com pragmatismo com o desaparecimento de outras pessoas, nomeadamente das pessoas que me dizem ou até disseram algo. Hoje, deparo-me com uma notícia assim a seco e sem preparação prévia. Mas como é que um colega de quem recebi mensagens "ontem" pode ter morrido!? E vem-me sempre à cabeça aquele tipo de pensamento: "mas eu recebi ontem um email dele", espera, "eu tenho uma mensagem dele no Linkedin", "não, não pode, en...