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Sim, penso demasiado, sofro pelos outros

E não ganho nada com isso,  mas é a minha massa e se assim não fosse, não seria eu. Isto passou-se há horas, mas mesmo assim não me sai da cabeça. Tinha acabado de deixar a miúda na escola, em passo acelerado dirijo-me para o carro e oiço um “ bom dia”. Não reconheci a voz embora se aproximasse de mim um vulto, olhei de relance e estava perante uma senhora de idade, dos seus 70 anos para cima, que provavelmente nunca terei visto na vida.
É tudo muito rápido, de manhã não sou a criatura mais afável do mundo, ainda devo ter pensado para com os meus botões algo do género “o que é que está quer”,  não obstante lhe ter contribuído a devida saudação.

Pergunta- me de seguida se por acaso no meu prédio não precisavam de uma pessoa para limpar as escadas. Este tipo de situação para o meu feitio, mortifica-me. Aquela senhora com aquela idade já merecia literalmente sopas e descanso e ter que se sujeitar a fazer limpezas....fiquei triste. Tão pouco sei o que o amanhã me reserva, se não serei eu própria a fazer algo semelhante, não estou livre disso, mas ver uma pessoa no Inverno da vida com esta humildade, fez-me estremecer. A vida para muitos é mesmo dura. Demasiado.

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