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Até “ele” tem um dia

Estou a atravessar uma daquelas fases mais em baixo. As razões podem ser muitas, ou nenhuma. A verdade é que me considero uma pessoa de bem, e as pessoas de bem...sofrem. E há fases piores, outras melhores. Esta altura do ano traz-me sempre os piores conflitos, as piores dores, e até coisas boas que me trazem lembranças menos boas e vice-versa.

Daqui a dias cumpre-se o quarto aniversário da morte da minha madrinha Guida, que é uma ferida que tenho aberta e jamais vai sarar. Culpo- me por não ter estado com ela tanto quanto deveria, não que por culpa minha, mas por condicionalismos da vida. E aquela imagem dela gira, boa onda, sempre bem vestida e arranjada cola-se à imagem dela à espera do fim naquela ala dramática do Pulido Valente.

Hoje, ironicamente também é o dia do Linfoma - é estranho um assassino ter direito a um dia, mas percebo a ideia. Querer retirar-lhe o lado de finitude a apostar na esperança. Não imaginam a esperança que eu tive há 20 e poucos anos atrás. Não, ele não me ia levar a avó. Um tipo que não se limitava a ser um cancro aqui ou acolá. Este era dos distintos: Linfoma não Hodgkin. Aliás, para a minha avó tinha que ser em grande. De uma pessoa que nunca vi com uma gripe, um Mieloma Múltiplo não bastou. Tinha que vir outro mais cruel para ma levar. E levou. E tenho tantas saudades dela. E tanto que eu gostava de a voltar a ver. Tanta falta que ela me faz, sobretudo nas alturas em que a coragem parece estar adormecida.

Hoje estou assim, muito próxima dos meus “ mortos” que continuam a ter vida no meu coração.

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