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Maleitas do crescimento

Já tinha pensado nela para cima de 1200 vezes quando a fui buscar ao ATL. Meia trombuda e a querer embirrar com tudo, percebi que não ia ser fácil. Chegadas a casa e após um ligeiro quid pro quo presenteia-me com um até hoje inédito:

"Odeio-te Mãe!"

Há mais de 30 anos atrás, se me saísse uma destas e à minha frente estivesse a minha mãe, teria abichado dois valentes pares de estalos no mínimo e se a colher de pau estivesse a jeito, meu Deus. Mas como não sou defensora desse tipo de castigo, limitei-me ao...silêncio após lhe dizer que está no seu direito de odiar a quem quiser. Ainda vivemos numa democracia, digo eu.

O motivo para o "ódio"? Digamos que em termos de Código Penal podemos aferir que se trata ostensivamente de um motivo fútil - não a ter deixado ir brincar, em plenas 7 da tarde, com as filhas do vizinho, que inclusivamente o mais certo até seria estarem na sua semana aos cuidados da mãe.

Portanto não tínhamos o nosso tempo para conversar acerca do dia, não tomava banho a horas decentes, não arrumava o que deixou em desordem de manhã...porque o mais importante era ir brincar para casa da vizinhança. Não cedo, como também não bato e nestes casos raramente me exalto ao ponto de levantar a voz. Tenho razão, explico-lhe porquê e termina a conversa.

Nem 5 minutos depois disto vem literalmente para cima de mim a chorar que nem uma Madalena arrependida, ao que friamente lhe pergunto o que se passa; já dizia a minha saudosa avó Isabel que "quem não se sente, não é filho de boa gente".

A resposta dela foi um choroso "desculpa, eu gosto muito de ti!"

Obviamente que enquanto me lembrar desta, não vai brincar com as vizinhas, nem lhe compro saquetas para a caderneta das LOL e mais uma ou outra regalia de que me lembrar, mas a verdade é que tenho a noção de que a época destas quezílias, ainda agora começou e a minha filha é tudo menos um ser humano fácil.

Deus tenha misericórdia de mim.

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