Quando sem querer é desvendada uma verdade cruel e nós não sabemos qual a atitude mais correcta a tomar:
- Julgar/Criticar
- Fingir que não sabemos de nada
- Tentar ajudar uma pessoa que é doente e precisa de ajuda
Passo a explicar: há 2 dias, estava a almoçar com 2 colegas e estavam a contar-me que tinham visto na véspera uma reportagem na SIC acerca de um embuste iniciado no Facebook que tinha tido como vítimas várias pessoas, entre as quais um indivíduo muito bem parecido por sinal que tinha "conhecido" uma suposta médica, manteve contacto com ela, mãe dela, amigas e amigos durante um ano, bom, até mais, porque ao fim de 1 ano a protagonista morreu e ele continuou a ser bombardeado pela família dela, amigos, etc. Tentou marcar encontros, mas nunca teve sucesso.
Apenas conseguiu falar com ela ao telefone e um dia recebeu a notícia da sua morte com um cancro. Existiram outras pessoas que também estavam envolvidas enquanto vítimas nesta teia, com direito a fotografias e afins. Episódios gravíssimos.
Hoje, o climax. Último episódio - todo o enredo foi criado por uma pessoa que não era quem dizia ser, não morreu e todas as pessoas que lhe estavam associadas (mãe, irmã, amigos) eram inventadas por ela, apenas porque….sim. Este indivíduo apaixonou-se pela ideia que fez dela, pela imagem que mostrava como sendo dela e quase 7 anos depois ainda sofre com os danos emocionais que ela lhe causou.
Ora bem, no fim do episódio de hoje, mostram uma breve entrevista com a Impostora, rosto esbatido e senti um calafrio - é minha amiga! De facto, quando conhecemos as pessoas, o rosto esbatido para protecção de identidade é desnecessário. Conheço-a há cerca de 7 anos, a verdade é que também já lhe conheci uns cancros, um braço do filho que estava para ser amputado mas que depois foi operado por um Guru da Ortopedia e melhorou, eu vi os raio-x. Reconheço alguns traços de personalidade, como a mania de tirar imensas fotos a tudo e a todos, o enaltecer as muitas amizades, algumas delas com figuras públicas do nosso panorama, histórias rocambolescas com o ex-marido que lhe queria bater de uma das vezes que supostamente lhe ia entregar o filho e eu com ela ao telefone e a sentir calafrios e a questionar se era preciso chamar a Polícia…
De uma das muitas cirurgias que supostamente fez, uns dias antes deu-me o número de telefone da mãe, porque era algo de risco e podia falecer, fiquei preocupada, liguei à Senhora, falei com ela - tendo em conta a história da SIC ela fazia coisas semelhantes com os personagens inventados e era sempre ela, pois tinha vários números e mantinha uma rede mirabolante.
Oh meu Deus, estou chocada, arrepiada. Porquê? A conclusão da reportagem é que o fez para ter atenção. Mas isto é doentio, maquiavélico, arrepiante.
Tenho que digerir. Aliás, esta semana estou a ver que vai ser dedicada à digestão de situações mirabolantes, dolorosas, e chocantes. Como é que pessoas de quem gostamos nos podem desiludir tanto.
Que recaia sobre mim uma nuvem conciliadora porque estou transtornada, triste e com uma sensação de que também fui enganada e sofri coisas que não tinha que sofrer. Anda tudo doido. A Humanidade está doente :(
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