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Desgraças

 Enquanto estou parada à espera que o semáforo fique verde, ou penso na vida, ou observo o que se passa à volta. Hoje, estava a observar o cartaz afixado na Praça de Campo Pequeno com os próximos eventos e deparo-me com a "informação de festas" para o corrente mês.

Eu não aprecio arraiais. Nem feiras e romarias. Mas respeito quem os aprecia, e já me vi envolvida nesses meandros; por vezes lá calha. 

O que me chocou naquele cartaz foi ler que um dos "cabeças" para um determinado dia é o "Zé Cabra". Lembro-me que este senhor apareceu no início da minha idade adulta, lá para os fins do meu percurso universitário, e se um Quim Barreiros ainda me faz rir, embora não consuma o seu tipo de sonoridade, um Zé Cabra causa-me pena. Não acho que o senhor seja um desgraçado, longe de mim, mas acho que é apenas trágico apresentar-se em público, gritar que nem um suíno no matadouro prestes a levar com o corte final e ainda ganhar dinheiro com isso.

Quem paga, ou ouve mesmo sem pagar, não sei o que tem no cérebro e mesmo que chega para fazer troça, é de uma extrema falta de cultura. Não se troça de desgraças, antes deve fazer-se algo para a colmatar.

O próprio, não obstante o dinheiro que aufira com a triste figura que faz, devia ter direito a umas aulas de canto, a ouvir música e perceber que aquilo que faz é um atentado, sobretudo a ele próprio. Acredito que a nossa passagem por cá seja útil em termos de evolução, mas este senhor é dos tais que involui e ainda tem audiência.

Que pena....

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