Pensava já não ir a tempo mas ainda o apanhei em cartaz e em boa hora o apanhei disponível. Prendeu-me ao grande ecrã desde o primeiro ao último minuto, deixei-me ficar a digeri-lo no fim até as últimas legendas desaparecerem e deixarem a tela negra. Se por um lado o regresso ao cinema foi bom, após meses e meses de jejum cinematográfico, por outro foi um misto de sensações que vivi enquanto assistia àquele filme.
De cada vez que vejo a Frances McDormand a representar fico petrificada com aquele talento. É uma actriz brilhante, do melhor que temos neste momento. Mas o filme…bom, o filme para além de conseguir captar-nos a atenção, não sendo um filme de acção, tem uma componente dramática fora de série. Levou-me a repensar no sentido da vida, no sentido da minha própria vida, onde quero estar e com quem, como pretendo acabar e onde, doente ou não, feliz ou não. Acima de tudo, o sentido disto tudo. E por vezes percebemos o sentido disto tudo quebrando barreiras e vivências que damos como garantidas.
Não é bem um filme que dê para exteriorizar emoções. Dei comigo a chorar, mas para dentro, a chorar comigo, numa cena tão simples como quando um amigo da estrada, sem querer, lhe deixa cair uma caixa onde ela guardava religiosamente uns pratos de faiança que o pai lhe tinha dado. E aquilo para ela foi uma perda que lhe dilacerou a alma.
E dei comigo a chorar para dentro noutras cenas que não tendo uma manifesta carga dramática, levavam-me às profundezas das minhas memórias. Um bom filme consegue estas proezas. É de facto dos melhores que vi até hoje e que recomendo vivamente.
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