Um dia destes precisei de ir à CGD - aliás, precisar não precisava, já que se tratava de um movimento igual a tantos outros que se podem fazer sem termos que nos deslocar à agência, mas aquele caso específico ainda não está complementado e obrigam as pessoas a deslocar-se lá.
Podia ser interessante...só que não. Tirei a senha às 08:41h, em teoria tinha 8 pessoas à frente e saí de lá às 11:00h, o que é de facto surreal.
Que o atendimento da CGD sempre foi péssimo, é um facto, mas a verdade é que quando pensamos que já não pode piorar...piora mesmo. Eu não queria acreditar. Mas na espera, assiste-se de tudo e sem pagar bilhete o que torna aquele tempo em algo lúdico.
Desde pessoas em série a ver os seus cartões a ser subtraídos pela máquina Multibanco, e a reclamarem, e a tentarem entrar no balcão à força e passar à frente de quem tinha senhas, passando por um emproado de um gestor a andar a passear dentro e fora com as calças do fato todas rasgadas entre-pernas, rabiosque e afins, as velhotas a reclamar de tudo e mais alguma coisa e o cúmulo dos cúmulos - uma senhora de etnia cigana que conseguiu passar à frente daquela gente toda, eu incluída, fazendo-se acompanhar de um marmanjo com uns bons 30 anos, dizendo que estava grávida. G-R-Á-V-I-D-A. Com uma barriga flácida e mole, com idade para ser minha avó e que devia estar grávida mas é de boa carne, peixe e pão.
Eu ainda atirei para o ar que a senhora deveria estar tão grávida quanto eu, que não estou por acaso, mas ninguém fez caso e ela foi mesmo atendida como prioritária.
Chegada a minha vez ainda perguntei à funcionária por que motivo nesse caso não estavam a dar prioridade às velhotas de 80 anos, mas deram a senhora "grávida". Resposta: ah, se eu não a atendesse ela ainda me batia.
Honestamente já não sei se tudo isto não passa de uma grande parvoíce; em primeiro lugar assumir que as pessoas por serem de uma dada raça ou etnia, reagem todas da mesma forma quando contrariadas. Por outro não apelarem à criatividade de sentar a senhora na cadeirinha lá dentro do balcão, ao fresquinho do AC a aguardar tranquilamente pela sua vez e com um copinho de água fresca ao lado. Ou mesmo, se ela estava com tantas dores como dizia ter, porque "estava de bebé", terem chamado o 112. Isto sim é inclusão, porque o resto das pessoas estavam ali em pé, durante horas, no perfeito covidário que é o átrio de fora do Banco com dezenas de pessoas à espera.
Será que se eu voltar lá amanhã e disser que estou grávida, pega?
Retalhos do que se passa numa manhã comum numa agência da CGD.
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