Estes dias são sempre agridoces porque se por um lado não deveriam existir, porque se há que enaltecer pessoas de quem gostamos, tenhamos com elas a relação que tivermos, não deveria ter que existir o tal dia X ou Y.
O tal marketing que impele as pessoas a comprarem, a consumir, a gastar dinheiro, a colocar fotos dos seus nas redes sociais, e muitos provavelmente a fazerem ou mostrarem naquele dia, o que não professam nos outros. Por outro lado, é um abrir de feridas a quem já não tem os seus, sejam a mãe, o pai, o filho, a avó… ou quem nunca os tenha tido, ou quem até deles seja órfão em vida plena.
Mas a minha filha fez de mim mãe e a existência dela é sem dúvida a maior e melhor realização da minha vida. E ao acordar tinha-a a olhar para mim com o presente feito por ela, sempre assim é desde que foi para o infantário e ela mantém a tradição sempre com muita dedicação e imaginação. Desta vez um pacote com rebuçados, tudo feito em papel e eu tive que encontrar uma mensagem secreta num dos rebuçados. Amei. Não há nada melhor do que esta sensação de receber amor puro das mãos de um filho.
Mas depois as filhas unem-se e têm sempre o tal mimo que se adquire na loja, mas sempre com a maior das sensibilidades, com sentido e muito cuidado. Aqui a número um, a irmã de quem tanto cuidei dada a nossa diferença de idades e que foi o meu primeiro amor modo criança, ajuda a sobrinha na escolha de algo que faça a mãe sorrir e que tenha a ver com ela. E gostei muito, porque curiosamente ainda não o tinha lido mas era uma falha crassa na minha biblioteca. Acertaram pois claro, e trouxeram-me Voltaire. Grata por ter estas meninas na minha vida, tão brilhantes sempre e motivos de grande orgulho para esta mana velha e mamã muito, mas muito babada.
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