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“Eu cá ainda não lhe disse nada…”

 Recordo com muita saudade os meus “mortos”. Falo mais de uns do que de outros, mas aqueles que são os meus, infelizmente já são alguns. 

Esta altura do ano, sobretudo a relacionada com as festividades do Natal, é-me particularmente triste, cada vez mais e não fosse a minha filha, fugiria para outro cenário com muito calor e sol. 

Lembro-me dos natais em que eu era menina e passávamos invariavelmente a noite de consoada em casa e íamos passar o Dia de Natal a casa dos pais do meu padrasto. Eram natais felizes e cheios de gente.

E daí recordei a Avó Emília, que não sendo minha avó com relação de consanguinidade, me tratava como mais uma na trupe dos netos. E isso é impossível esquecer. Nestes gestos se vê a grandeza, educação, valores e sentimentos das pessoas. Mesmo após a separação da minha mãe e do meu padrasto eu continuei a ser a “sua Tânia” e ela a minha avó Emília. E no leito de morte as últimas palavras que me disse na última visita que lhe fiz foi que tinha gostado sempre muito de mim e estava contente por eu ter uma bebé tão bonita - faleceu tinha a minha filha 1 mês e meio de vida. 

Aiiiiii, não quero chorar, mas com estas lembranças é impossível. Vamos então passar a coisas divertidas que também não esqueço.

A avó Emília era Professora Primária, Escritora…. portanto uma excelente contadora de estórias. Mas o mais engraçado e das que eu mais gostava, era das estórias reais, de família, e de todos os da trupe, a verdade é que era sempre eu a mais ávida a ouvi-la contar as estórias dos tios, primos, avós, bisavós…uma grande família com parte alentejana e outra da estremadura. Tudo família que na minha cabeça e no meu sentir, era minha, pois claro. 

Então havia a estória do tio ***** da Veiga que, perante um determinado evento de vida que o afectava directamente foi questionado por uma terceira pessoa sobre o que tinha a dizer acerca de tamanho episódio. E o tio ***** da Veiga respondeu assim à pessoa em questão:

“Eu?….Eu cá ainda não lhe disse nada…nem digo!”

Não vou estar aqui a expor a narrativa que tem de facto imensa piada, contada pela Avó Emília muito mais, o tio ***** da Veiga nem é do meu tempo, mas depreende-se que no alto da sua douta autoridade face a outrem, ele optou por não comentar. 

Ora isto vem a propósito de quê!? Bom, a escrever este texto já chorei de saudade, já chorei a rir e agora muito a sério, que eu por norma quando toca a vigarices não sou de ficar calada, mas tenho andado tão assoberbada que acerca da senhora, com s propositado, Alexandra Reis, “eu ainda não disse nada….nem digo!”. Na verdade algures lá em cima já se vislumbra a palavra vigarice. 

Créditos para o tio ***** da Veiga e para a saudosa Avó Emília que me inspiraram para a escrita deste post.

A tal senhora que de facto parece o Toy em versão feminina, mas pouco.



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