Avançar para o conteúdo principal

As coisas que eu fico a saber no dia 22/12/22

 A minha filha informou-me que quando crescer e depois de frequentar a universidade, vai viver para a Finlândia. Não sei onde foi buscar esta ideia, mas ela diz que sim. Mantém que vai ser cientista.

E termina dizendo que me vai levar com ela, senão iria sentir muito a minha falta.

E eu indaguei, comentando:

“Mas quando tiveres essa possibilidade, já ganhaste as tuas próprias asas para voar. A mãe irá visitar-te sempre que possível, tu também vens cá, as tecnologias estarão mais avançadas e a comunicação à distância será ainda mais fácil….portanto….”

Ao que ela me respondeu:

“Não estás a perceber mãe. Tu vais viver comigo para a Finlândia porque eu não consigo viver longe de ti, e vou precisar de ti para sempre!”

Por aqui se concluem entre outros, dois problemas: a imposição e o espírito de líder, em que formata a vida dela e também quer formatar a minha mas, mais grave, este cordão umbilical afinal parece que não foi para o lixo cirúrgico da MAC, as células também não foram doadas, e ele continua presente, ainda que invisível.

É uma chatice porque eu preciso cada vez mais que ela aceite a ideia da minha finitude, rapidamente e de uma forma positiva. E ela troca-me as voltas e deixa-me assim, muito feliz por saber de viva voz o quão imprescindível sou para ela, o amor que me tem mas…com um nó na garganta ao pensar como ela se vai ver sem a minha existência física, mais brevemente do que ela possa até imaginar. Não temos a vida na mão e tudo isto é um sopro numa flor de dente-de-leão, do qual conseguimos eventualmente apanhar alguns resíduos e guardá-los até que virem pó.

Não obstante até lá, e tentando motivá-la a brilhar sempre, ela vai falando na Finlândia e nos estudos científicos que vai fazer. 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Já começo a sentir o cheiro a férias...

Embora esteja a braços com uma bela gripe de Verão; antes agora, do que daqui a uns dias.

Folder "Para quê inventar" #6

 Também existe quem publicite "Depilação a Lazer"!  Confesso que quando olhei há uns dias para uma montra de um instituto, salão ou lá o que é de "beleza" fiquei parada por alguns momentos, não sabendo bem se deveria benzer-me, fazer serviço público e ir avisar as pessoas que aquilo estava mal escrito ou pura e simplesmente, seguir o meu caminho. Foi o que fiz, segui o meu caminho, porque na realidade não me foi perguntado nada, portanto não vale a pena entrar em contendas com desconhecidos à conta de ortografia. Mas...."depilação a lazer" é mesmo qualquer coisa! Para mim, não é mesmo lazer nenhum e posso confirmar que provoca até uma sensação algo desconfortável no momento, que compensa depois, mas daí a ser considerado lazer, vai uma distância extraordinária.

RIP - Seja lá isso o que for

 Sabemos lá nós se o descanso será eterno, ou mesmo se haverá esse tal descanso de que tanto se fala nestas situações. Sei que estou abananada. Muito. Penso na finitude e de uma maneira ou outra, já a senti de perto. A nossa evolução desde o nascimento até à morte é um fenómeno ambíguo e já dei comigo a pensar que sempre quis tanto ser mãe, que me custou tanto o parto da minha filha para lhe dar vida e que ela, tal como eu, um dia deixará de existir. Não me afecta a minha finitude, já desejei o meu fim precoce algumas vezes, mas não lido com pragmatismo com o desaparecimento de outras pessoas, nomeadamente das pessoas que me dizem ou até disseram algo. Hoje, deparo-me com uma notícia assim a seco e sem preparação prévia. Mas como é que um colega de quem recebi mensagens "ontem" pode ter morrido!? E vem-me sempre à cabeça aquele tipo de pensamento: "mas eu recebi ontem um email dele", espera, "eu tenho uma mensagem dele no Linkedin", "não, não pode, en...