Avançar para o conteúdo principal

Memórias

Não há nada como as memórias...as boas memórias sobretudo.

E quando nos ficam boas memórias das pessoas que já partiram é um perfeito sinal de que as suas vidas e a forma como se cruzaram connosco tiveram uma valência, um propósito e que tal foi de facto cumprido.

Lembro-me por exemplo dos gestos de carinho da minha avó, dos beijinhos que me dava na ponta do nariz, das sestas que fazia comigo quando eu era pequenina, do carinho com que me preparava o lanche da escola, do sorriso e dos acenos que me dedicava quando me ia buscar ou quando me ia simplesmente visitar ao recreio.

Lembro-me das estórias de encantar que a minha mãe me lia ao deitar e de quantas ainda guardo comigo, da colecção de borrachas de cheiro e dos carrinhos, que todos os dias com todo o amor me trazia, para compensar as ausências a que a vida laboral obriga...como que dizendo com aqueles gestos, "eu não me esqueço de ti".

O meu padrasto era o conciliador, o quebra-castigos. A minha mãe dizia "não compro as Levy's" por isto e por aquilo, e no dia a seguir lá tinha eu as 501 no armário...era a forma dele me compensar por carências de pai que ele sabia que eu tinha.

E estaria aqui um dia inteiro a recordar tantas pessoas e tantos gestos de amor que nos marcam e nos acompanham ao longo do nosso percurso.

E...apesar da tenra idade da minha Bébécas, já dou por mim a ter rotinas com ela que revelam todo o amor e toda a entrega que ela um dia irá recordar, mesmo quando eu já não fizer parte da sua vida quotidiana, e a minha presença seja apenas pautada por memórias.

Os "apelidos" carinhosos que lhe chamo e que são só nossos, os momentos só nossos, a despedida à hora de deitar e a farra que fazemos ao acordar.

Não há nada como sermos recordados pelos nossos e deixarmo-lhes boas memórias.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Já começo a sentir o cheiro a férias...

Embora esteja a braços com uma bela gripe de Verão; antes agora, do que daqui a uns dias.

Folder "Para quê inventar" #6

 Também existe quem publicite "Depilação a Lazer"!  Confesso que quando olhei há uns dias para uma montra de um instituto, salão ou lá o que é de "beleza" fiquei parada por alguns momentos, não sabendo bem se deveria benzer-me, fazer serviço público e ir avisar as pessoas que aquilo estava mal escrito ou pura e simplesmente, seguir o meu caminho. Foi o que fiz, segui o meu caminho, porque na realidade não me foi perguntado nada, portanto não vale a pena entrar em contendas com desconhecidos à conta de ortografia. Mas...."depilação a lazer" é mesmo qualquer coisa! Para mim, não é mesmo lazer nenhum e posso confirmar que provoca até uma sensação algo desconfortável no momento, que compensa depois, mas daí a ser considerado lazer, vai uma distância extraordinária.

RIP - Seja lá isso o que for

 Sabemos lá nós se o descanso será eterno, ou mesmo se haverá esse tal descanso de que tanto se fala nestas situações. Sei que estou abananada. Muito. Penso na finitude e de uma maneira ou outra, já a senti de perto. A nossa evolução desde o nascimento até à morte é um fenómeno ambíguo e já dei comigo a pensar que sempre quis tanto ser mãe, que me custou tanto o parto da minha filha para lhe dar vida e que ela, tal como eu, um dia deixará de existir. Não me afecta a minha finitude, já desejei o meu fim precoce algumas vezes, mas não lido com pragmatismo com o desaparecimento de outras pessoas, nomeadamente das pessoas que me dizem ou até disseram algo. Hoje, deparo-me com uma notícia assim a seco e sem preparação prévia. Mas como é que um colega de quem recebi mensagens "ontem" pode ter morrido!? E vem-me sempre à cabeça aquele tipo de pensamento: "mas eu recebi ontem um email dele", espera, "eu tenho uma mensagem dele no Linkedin", "não, não pode, en...