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Lights II

Há tantos anos quantos os que habito nesta humilde casa, não tinha um candeeiro de tecto na sala. Quer dizer, até tinha um plafond que nada tinha a ver comigo nem com uma sala, mas que quando vim para aqui e tendo sido deixado pela anterior proprietária, me deu imenso jeito. Adquirir uma casa própria com pouco mais de 20 anos e tudo para construir… é tudo menos fácil.

E o plafond foi ficando ao longo dos anos, e naqueles momentos de introspecção, enquanto deitada no sofá a olhar para o tecto, antes de entrar nas minhas profundezas pensava sempre no quanto aquele objecto me irritava. E porque não tratei disso ao longo do tempo, quando tive oportunidade de aqui e ali, adquirir coisas que me faziam menos falta!?

Porque sou uma mulher de paixões e tenho as minhas ideias para o meu refúgio que durante anos e anos virou um local desagradável e em destruição pelos problemas das infiltrações por resolver por parte do condomínio que me obrigaram até, a ter uma disposição do mobiliário de uma forma que eu não gostava, mas que era a forma de evitar causar ainda mais danos ao que tenho e ao desconforto que é ter água a cair em modo chuveiro dentro de casa, nos últimos 8 anos, com algumas pausas.

Pois que por agora os incidentes estão resolvidos, muito embora esteja muito apreensiva perante as próximas chuvas, mas dizem os gurus que lideram os temas da psiqué que não devemos sofrer por antecipação, por isso, estou a viver um dia de cada vez e a voltar a colocar as coisas no seu devido lugar, e livrar-me de coisas que sempre aqui estiveram de modo temporário e o seu tempo terminou. Entre doar e lixo, virou quase uma venda de garagem à americana.

E o candeeiro que eu queria na minha sala, existia algures, eu tinha-o esculpido na minha cabeça, mas não o tinha encontrado, até há uns meses atrás me ter cruzado com um senhor egípcio que me achou piada, ainda estou para saber porquê, viu em mim um encanto que eu desconheço mas eu, eu vi nos vários objectos que ele vendia…o candeeiro que figurava na minha sala, na minha cabeça, mas por materializar. E ele estava ali, parece que esteve sempre ali à minha espera. E o meu cruzamento com aquele senhor egípcio e simpático, teve um propósito. Ele encontrou a sua Cleopatra por uns instantes e eu…a minha luz. 

E estou tão, mas tão feliz por esta aquisição que afinal existia algures no Egipto e não apenas na minha cabeça.

Talvez agora, nos próximos tempos, naqueles momentos só meus, com a minha música clássica, ou o meu jazz de fim de noite, olhe para este ponto de luz, esteja ele iluminado ou não…e a minha alma…se ilumine. 

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