A vontade de escrever é muita e ao mesmo tempo nenhuma. Têm sido meses, semanas, desafiantes. Trabalho, lidar com uma filha adolescente que entrou agora no ensino secundário e tem um feitio torcido e tenta seguir exemplos menos bons e que não abonam em nada para a formação dela….mas fazê-la entender!?
Eu, por outro lado estou numa fase em que quero paz e muito sossego, boas energias e sobretudo “luz”, porque as trevas infelizmente rodeiam-nos em várias frentes e mesmo quando os desaires não nos tocam directamente, há coisas que mexem connosco, e muito.
Este ano civil tem sido particularmente surpreendente e chatinho. Nunca fui a pessoa mais saudável deste mundo mas sempre vivi com essa dinâmica de inflamações virais, bacterianas, anemias, alergias…uns episódios mais graves do que outros mas aceitáveis.
Pois que, sem o esperar mas ao sabê-lo várias coisas começaram a encaixar e após uns exames de semi rotina me descobriram uma doença auto imune. Há coisas piores e no universo das doenças auto imunes não é das piores mas o facto de ter que seguir o protocolo de terapia de reposição para o resto da vida, controlos periódicos e consequentes ajustes mexem com o sistema psicossomático de qualquer um.
É aceitar, saber viver com isso e tentar que não me afecte muito mais.
Mas, como as notícias, boas ou más nunca vêm sós, também me foi diagnosticada Asma e se, até era algo expectável dado o meu histórico de pneumonias na infância e infecções respiratórias, não reagi muito bem ao veredicto sobretudo ao descobrirem que estou com “doença obstrutiva” que não se quer crónica, tenho os brônquios completamente atrofiados e entre bombas da asma, vacinas da gripe, anti alérgicos, lisados polibacterianos e uma vacina injectável que vou ter de levar todos os meses durante um período mínimo de 2 anos….sim, 2 anos de picadelas mensais, acho que ainda não assimilei a coisa.
Dizia eu à médica: “ah, está a dizer-me que eu tenho asma mas do tipo asma alérgica não é? Não é aquela asma dos asmáticos, certo!?”
Ao que a médica com a sua simpatia de sempre e sorrindo me disse: “pois, é a asma dos asmáticos sim; é asmática, ponto!”
Claro que também me fez sentido porque eu nunca na vida consegui correr verdadeiramente, canso-me em actividades corriqueiras e simples do dia a dia, subir um lanço de escadas é um desafio tão extenuante como para um alpinista subir o K2, mas habituei-me a ser assim desde sempre, quando era mais nova embora me queixasse nunca ninguém lá em casa deu importância e lá fui vivendo nesta (a)normalidade.
O facto é que ambos os veredictos fazem sentido e justificam alguns estados que fui experienciando ao longo da vida.
E percebi que de facto depois dos 40, até podemos ter cara de 30…mas o corpo dá mesmo de si.
Muita coragem nessa hora.
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