Avançar para o conteúdo principal

Woman, I can hardly express…

 Ai se o John Lennon cá estivesse, aqui, nos meus aposentos a presenciar as nossas sinergias…

Bom, o ambiente cá em casa anda complexo. Duas mulheres, sendo que uma é a Alfa, porque alguém tem de o ser. Mas a verdade é que ao que parece existem duas Alfas; a de meia idade e a que adolesce a cada dia. 

Não acata uma ordem, nunca acatou. Por mais que lhe explique o sentido das coisas, quer revolução. É o oposto dos reaccionários. Intempestiva. Quem não a conhecer bem, pode até achar que é mal educada, porque ela não se fica. Enfrenta quem for. Ok, mea culpa no aspecto de lhe ter dado voz e ferramentas para ela contestar, mas falta-lhe o bom senso para perceber que nem tudo é passível de contestação e após ouvir um “dá-me o teu telemóvel por favor porque portaste-te mal, portanto acabou a fofoca com as amigas” ela responde “não dou, porque não tenho que te dar uma coisa que é minha e vai contra a minha vontade!”

Sim, o telemóvel até chegar à minha mão percorreu um longo caminho. E sem ser o telemóvel, é com tudo. Por mais que eu lhe diga para não entrar em questiúnculas dignas de pessoas básicas e não responder a provocações, ela não se controla e vai atrás da confusão. Na última aula de natação lá fui chamada ao instrutor porque uma matulona a quem ela ultrapassou lhe chamou cadela e ela, pois claro, foi atrás da outra e perdeu a razão. E ainda remata, mesmo depois de ser sensibilizada para as práticas correctas dizendo que se a outra a voltar a insultar, vai haver chatice outra vez. 

Mas se tiver que se chatear com um professor também o faz. Aqui há umas semanas um professor a brincar com ela chamou-lhe “Rita Catita” e ela olhou para o professor e disse-lhe no meio da aula algo como: “agradeço que não me chame assim, porque não é esse o meu nome e eu não gosto”.

Tem também os dramas existenciais, a panca com o cabelo, as roupas e os brincos. 

Enfim tudo a preparar-me para os próximos 7 anos que formarão o temido período da adolescência. 

No fim, é um anjo que me deixa todos os dias um bilhetinho com palavras ternas e de amor, diz-me todos os dias que quando crescer quer ter um bocadinho que seja da minha beleza (e ela sim, que é linda de morrer) e há uns dias atrás trouxe-me este lanche preparado por ela porque “mãe, precisas de ingerir ferro por causa da tua anemia”.

Eu vou sobreviver a esta fase difícil na vida de uma pessoa jovem, sobretudo rapariga. Agora quem se cruzar com ela e com ela embater de frente…bom, lá terei que responder pelos danos causados.

Eu adoro-a. Mesmo nesta fase difícil em que num espaço de horas passamos do amor ao “dá-se para adopção”….sou perdidamente apaixonada por ela.




Comentários

Mensagens populares deste blogue

Já começo a sentir o cheiro a férias...

Embora esteja a braços com uma bela gripe de Verão; antes agora, do que daqui a uns dias.

Folder "Para quê inventar" #6

 Também existe quem publicite "Depilação a Lazer"!  Confesso que quando olhei há uns dias para uma montra de um instituto, salão ou lá o que é de "beleza" fiquei parada por alguns momentos, não sabendo bem se deveria benzer-me, fazer serviço público e ir avisar as pessoas que aquilo estava mal escrito ou pura e simplesmente, seguir o meu caminho. Foi o que fiz, segui o meu caminho, porque na realidade não me foi perguntado nada, portanto não vale a pena entrar em contendas com desconhecidos à conta de ortografia. Mas...."depilação a lazer" é mesmo qualquer coisa! Para mim, não é mesmo lazer nenhum e posso confirmar que provoca até uma sensação algo desconfortável no momento, que compensa depois, mas daí a ser considerado lazer, vai uma distância extraordinária.

RIP - Seja lá isso o que for

 Sabemos lá nós se o descanso será eterno, ou mesmo se haverá esse tal descanso de que tanto se fala nestas situações. Sei que estou abananada. Muito. Penso na finitude e de uma maneira ou outra, já a senti de perto. A nossa evolução desde o nascimento até à morte é um fenómeno ambíguo e já dei comigo a pensar que sempre quis tanto ser mãe, que me custou tanto o parto da minha filha para lhe dar vida e que ela, tal como eu, um dia deixará de existir. Não me afecta a minha finitude, já desejei o meu fim precoce algumas vezes, mas não lido com pragmatismo com o desaparecimento de outras pessoas, nomeadamente das pessoas que me dizem ou até disseram algo. Hoje, deparo-me com uma notícia assim a seco e sem preparação prévia. Mas como é que um colega de quem recebi mensagens "ontem" pode ter morrido!? E vem-me sempre à cabeça aquele tipo de pensamento: "mas eu recebi ontem um email dele", espera, "eu tenho uma mensagem dele no Linkedin", "não, não pode, en...