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Semana dolorosa

 É uma semana difícil e assim será para sempre. A dor da saudade não apazigua. Rimos, somos mais ou menos felizes, mas o nosso coração não esquece os que foram importantes, os que mudaram a nossa vida para melhor. E eu não tenho uma vida assim tão recheada de pessoas que me marcaram pela positiva, mas as que o conseguiram sem esforço não me saem da alma.

A minha madrinha Guida partiu há 5 anos, num dia 22 de Setembro que amanheceu bonito, mas que fazia adivinhar o inevitável. Todos os dias eu ligava para aquele serviço de pneumologia e falava com a enfermeira. Naquele dia fartei-me de ligar e ninguém atendia o telefone. Tocou o meu algum tempo depois...foi aquilo que uma madrinha deve ser, esteve comigo nos meus momentos mais amargos, mas tá, em nos mais doces. Viu-me literalmente a ser mãe, e não fossem as dores físicas e reais que senti naquele longo trabalho de parto, atrever-me-ia a dizer que ela teria sofrido quase tanto quanto eu.

Partiu cedo e deixou-me uma sensação de não lhe ter demonstrado a minha gratidão como devia. Acho que nos meus sonhos ainda não me encontrei com ela, ou, se aconteceu não me recordo. Mas se pudesse mudar o rumo da vida, ainda muito havia a viver com ela entre nós.


Hoje, por outro lado era o dia de aniversário do meu padrasto. 72 anitos do pai que não me concebeu, mas que me fez sentir sua filha. Era ponto assente que ou neste dia, ou no fim de semana seguinte, fazíamos o almoço da praxe. Há um ano lá estávamos nós. Fomos a Mora, visitámos o Fluviário e ele, andava devagarinho, mas aguentou-se. Nessa altura não imaginava que seria o seu último aniversário connosco. Soubesse eu que teria corrido mundo à descoberta do elixir da vida. São poucas as pessoas que me fazem sentir na pele uma dor que não tem fim pela sua ausência, e estes dois, cada um ao seu modo, transformaram a minha vida em algo melhor. Já não vou ter a quem ligar no Dia do Pai, já não vou ter a quem ligar hoje a dar os parabéns e não vou ouvi-lo a doutrinar a minha filha dizendo-lhe que a mãe é uma “megera”. Ninguém me fez rir até hoje como ele.

Estejam onde estiverem, continuo a sentir-lhes a falta...muita.

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