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Shadows

Aquando da minha adolescência, por altura dos primeiros batimentos mais fortes do coração por alguém, dizia-se que tínhamos começado a olhar para a sombra.

Agora, as designações já são tantas, que seja para a sombra, reflexos, ou várias coisas, os batimentos e aquela sensação estranha no estomago surge mais ou menos pela mesma idade para todos. 

A minha primeira grande paixão platónica, porque nunca passou disso mesmo, foi por volta dos 12/13 anos. E que paixão aquela. Já se adivinhava em miúda que eu seria uma mulher de emoções e sentimentos fortes. Não é caso para reprimir, mas deveria ter moldado a coisa de forma a que na idade adulta, fosse sacana, coisa que não consegui ser até agora e antecipar-me às sacanices alheias para...simplesmente não sofrer.

Não cheguei até esse nível de desenvolvimento e estampei-me todas as vezes, embora para falar a verdade, não tenha estado apaixonada de verdade assim tanto quando pensei e tenha amado mesmo um par de pessoas na vida. Porque quando vêm essas emoções e esses sentimentos ao de cimo, conseguimos perceber que de outras vezes que pensámos no passado que eram...não passaram de devaneios momentâneos. E ainda bem, porque nem as pessoas o mereciam, nem eu sobretudo merecia passar ainda mais tormentos e desilusões. Assim, as verdadeiras, que doeram mesmo cá dentro...são poucas mas igualmente duras. Muito duras.

Gostava que a minha herdeira, não herdasse esse lado naïf  da mãe, e olhem, que não faça pouco dos sentimentos de ninguém, porque não tem esse direito e não se deve ter essas atitudes, mas que se proteja, não vá em cantigas e devaneios de pessoas que não sabem o que querem mas sabem muito bem dizer ao outro o que o coração do outro absorve. Isso sim, não deixa de ser magistral a inteligência maléfica que é possível atingir ao ponto de se enganar um coração e fazer da vida um jogo de damas ou xadrez.

É o que quero, que a minha filha não seja vítima de situações dessas, porque ela...não merece. 

Mas as hormonas pululam e ela está uma miúda de 13 anos bem gira. Alta, nas feições lá prevalecem as do pai, mantendo algumas características minhas, o corpo parecido com o meu na mesma idade, embora eu fosse exageradamente mais magra, ao ponto da minha avó me dizer que eu mais parecia ser do Biafra (do que eu me fui lembrar; hoje em dia ninguém sabe onde fica ou o que é o Biafra - em que relíquia me tornei). Portanto, ela está mesmo muito bonita, com os seus longos cabelos aos caracóis, uns dentes lindos (mom's heritage) e toda uma postura de uma elegância brutal.

Diz-me o meu faro de mãe que anda moçoilo na costa e só espero que tenha uma boa alma. Estes romances passageiros da juventude fazem parte de todo o processo, mas que sejam no mínimo enriquecedores e que acabem tão bem quanto começaram. Com respeito e acima de tudo, amizade.

E como o faro, não é tudo, ela denuncia-se; apanho-a no meu quarto a procurar acessórios para se "embonecar", pediu-me para lhe comprar um gloss e ontem, em desespero pediu-me para lhe fazer a depilação. A rapariga poderia lá ir hoje para a escola de vestido fluido com penugem nas pernas. Mas estamos a brincar, ou quê!?

Não que eu tenha algo a ver com isso, mas que não seja um moçoilo que ande com as calças a meio das nádegas; pior do que isso, é quase impossível de se imaginar. Mas...e se for um espécime desses mas com um bom coração? Em que ficamos!?

Sim, isto são detalhes muito inocentes, porque a fase da educação dela que mais temia chegou, a adolescência e...já me vi a braços com desafios muito difíceis de gerir e alguns medos da minha parte de não ser capaz de ser o suficiente para a ajudar e guiar pelos caminhos melhores, não obstante o percurso seja dela. Um dia de cada vez, um desafio de cada vez, dramas e complicações a seu tempo. E, acima de tudo, muita paciência porque eu, também não passo de uma simples rapariga.

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