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E depois é uma catavento

 Interesso-me por tudo o que esteja relacionado com ela e desde sempre que existe diálogo entre nós; mesmo nos dias em que estou sem a mínima paciência para mim própria, faço questão de lhe perguntar como correu o dia, se brincou com os amigos, se gostou do que aprendeu na escola, se não houve "pancada", o que foi o almoço e com quem almoçou. Não me interessa obviamente saber se foi com a "Cátia Marisa" ou com a "Yvete Tatiana" ou até com o "David Inácio", mas é importante para mim saber que ela se relaciona com os outros e é uma forma de perceber que em termos de sociabilidades a coisa está a funcionar normalmente.

Obtenho respostas para tudo à excepção da ementa - esta criança raramente se lembra do que comeu ao almoço do presente dia. É impressionante. É óbvio que eu tenho sempre as ementas e sei de antemão o que ela comeu, mas faz parte da nossa rotina de conversa de mãe e filha e ela...nunca me sabe responder.

Vou mudar a estratégia. Hoje vou dizer-lhe que almocei "sopa de couve portuguesa" e que o segundo prato foram "febras no tacho com arroz de cenoura". Quero ver a cara dela de espanto ante a coincidência de termos almoçado precisamente o mesmo.

É uma constante adaptação a esta gente miúda que pensa que é esperta, mas nós já andamos cá há muitos anos.

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