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Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2008

Dias Difíceis

Contrariamente ao exemplo de Samuel Beckett na sua peça "Dias Felizes", posso dizer que estes últimos dias têm sido no mínimo difíceis. Há dias assim, semanas assim...parece que tudo à nossa volta teima em correr mal, e das poucas coisas que correm bem, temos a capacidade de as estragar e destruir. Olhamos à nossa volta e parece que tudo o resto está ao contrário, com valores e normas diferentes dos nossos. Começo a concordar que as catástrofes naturais por esse mundo fora baralham completamente o nosso ecossistema interno. É o cansaço, a desmotivação e acima de tudo a necessidade de umas grandes férias que estão a falar mais alto. Como as férias ainda são uma miragem, resta aproveitar o fim de semana que se avizinha e aproveitar ao máximo os sempre bons momentos entre amigos (se se proporcionar) e com o P (sempre).

"Blindness"

Como apreciadora de cinema que sou e das grandes obras, não podia deixar de dedicar um comentário ao mais recente filme de Fernando Meirelles "Blindness". É um filme que ainda não vi mas que visualizarei oportunamente, conheço tanto a obra que deu origem a esta película, como o realizador através do fantástico filme "A Cidade de Deus". As minhas expectativas estão de facto num parâmetro muito elevado, mas também não espero menos do que suplantá-las, pois ter a honra de abrir o Festival de Cinema de Cannes não é para todos os realizadores nem tão pouco para todos os filmes. Pessoalmente, e perdoem-me todos aqueles que gostam do escritor em causa, não gosto particularmente de José Saramago mas como tudo na vida e sem radicalismos à mistura, gosto de alguns dos seus escritos e de todas as obras que li, aquela que retenho é sem dúvida o "Ensaio sobre a Cegueira". Uma realidade que, analisada daquela forma é muito interessante, uma crueza e ao mesmo tempo o fa

Pelos Caminhos da Fé

Maio é também um mês de grande importância para a comunidade judaico-cristã, em particular para os que professam a Religião Católica. No meu caso específico não posso dizer que tenha sido educada acerrimamente segundo todos os pressupostos desta ideologia, mas foram-me sendo transmitidos ao longo do tempo valores que até hoje regem a minha personalidade e o meu livre arbítrio. Possuo o sacramento do baptismo e mais nenhum, creio que quando tiver descendência, fomentado por mim, será o único sacramento que farei questão que detenham. Tudo o resto estará ao seu critério, assim como a escolha da religião que queiram seguir e consequentes confissões. Tenho uma visão muito própria da Religião, dos Caminhos da Fé e de Deus, visão essa que muitos entenderão como confortável. Conheço a Bíblia, conheço as teorias do catolicismo melhor que as de outras religiões, e por isso adoptei há muitos anos uma posição de respeito por tudo o que considero razoável e indignação para extremismos, exageros e

Quebrar Regras (...só para quem pode!)

Se há característica que eu admiro nos seres humanos é a posse de sentido de justiça, e se valorizo essa qualidade nos outros, posso dizer que também eu tento na medida do possível sê-lo nas diversas situações do dia-a-dia. Uma das notícias do dia de hoje é que o nosso excelentíssimo Primeiro Ministro José Sócrates no seu voo para Caracas a fim de ter um encontro com o sui generis Hugo Chávez, terá fumado uma quantidade generosa de cigarros, a par com tantos outros membros da sua numerosa comitiva. Eu até simpatizo bastante com o Sr. em questão, considero-o um bom político, lá vou concordando com algumas das suas medidas mais ou menos polémicas e acho sinceramente que, apesar da conjuntura, será um dos melhores primeiros-ministro que tivemos nos últimos anos. Mas...pasme-se o descaramento. Se desde o passado dia 01 de Janeiro vigora a lei da proibição de fumar em espaços fechados devidamente identificados, aeronaves incluídas, porque raio é que uns podem e outros não? Se vivemos numa

Saudações Académicas

Para quem é ou já foi estudante universitário, o mês de Maio é o mês das Academias por excelência. É para muitos que todos os anos se opera o virar de uma página e o recomeço da escrita de outra, que mais não são do que as páginas das nossas vidas, das nossas memórias e de tudo o que estará para vir. O mês de Maio de 2000 foi um dos meses, um dos ritos que não esqueço, rito esse que me é relembrado todos os anos. É indescritível o que nós sentimos quando estamos perante o fechar de uma etapa...foi nessa altura que senti o peso dos anos, o peso de alguma cultura, de relativa sabedoria no nicho que escolhi para mim e para o qual tenho vocação, o peso da responsabilidade. Saber que daí para a frente nada iria ser como dantes, saber que iria começar a estar por minha conta e risco, provar uma certa independência, fazer cada vez mais as minhas escolhas, ser responsável por elas e assumir os seus riscos e consequências. Sim, foi aos 22 anos que de facto me senti a entrar na vida adulta, até

O Poder Terapêutico (e não só) da Sesta

Sempre pensei que o gosto extremo por este hobbie com o passar dos anos (das décadas) fosse passando ou deixado para segundo ou terceiro plano, mas não. O avançar da idade não o atenuou, mas também não o agravou...digamos que estou na mesma. Tenho uma capacidade inata para dormir horas a fio digna de estudo; quem quiser colocar-me num tubo de ensaio tem aqui um objecto de estudo no mínimo sui generis e capaz de proporcionar uma ou outra conclusão no mínimo insólita. O que hei-de fazer...gosto de dormir, o meu cérebro e o meu corpo precisam de algum descanso para retemperar energias, sim, porque os anos passam e não perdoam (eu e os meus lamentos). Hoje então é daqueles dias em que se pudesse tinha passado da cama directamente para o sofá, sem passar pela casa partida e sem receber 2 contos. Ainda lá estaria literalmente a bezerrar. Mas enfim, ainda faltam 2 dias até poder fazer a minha merecida sesta da tarde que, segundo a minha saudosa avó dizia há alguns anos atrás, me faria cresce

Maio (1968-2008)

E cá estamos nós no mês de Maio, altura em que se cumprem os 40 anos do Maio de '68. Para a geração dos meus pais a passagem destes 40 anos, será mais um "parece que foi ontem"; para as gerações vindouras, talvez ainda vivam hoje o resultado de uma revolução que trouxe os seus aspectos positivos até aos dias de hoje. Quando os estudantes decidem sair à rua, muitas mudanças se operam, muitos excessos se cometem (não nego), mas nada fica como era antes. E tudo começou com a revolta estudantil liderada pelo então jovem rebelde Daniel Cohn-Bendit e a consequente ocupação da Universidade de Paris X (Nanterre) ao que se seguiu a ocupação da emblemática Sorbonne. As universidades são encerradas, os gritos da discórdia e da insatisfação saem à rua, o descontentamento face a uma sociedade castradora e um sistema de ensino obsoleto acabam por se alastrar a muitos outros quadrantes da sociedade e a classe trabalhadora junta-se aos ecos da revolução estudantil. Greves, paralisações,