Avançar para o conteúdo principal

Ter uma mãe cientista

 Nem sempre lhe será muito proveitoso numa primeira análise, mas talvez passados uns anos ela perceba que tudo teve o melhor dos propósitos.

Ora bem: resolvi dar o voto de confiança e aliviar as restrições aos equipamentos electrónicos, entre os quais, o telemóvel, desde o início do ano lectivo.

Não obstante antes de se embrulhar no vício ter que me informar sempre, sempre fui dizendo que sim. Mas ia obviamente, observando. Nós os sociólogos observamos, capturamos detalhes, tiramos notas, antes já temos toda uma problemática delineada, depois analisamos os dados e no fim concluímos.

E por muito que eu lhe tenha dado o voto de confiança e lhe tenha explicado que o dia tem horas para tudo e que por vezes, quando não tem, devemos definir prioridades, o que se passou foi o seguinte:

  • Acordar às 6 da manhã para se imbuir no telemóvel e com isto faz tudo o resto a correr, como seja, arranjar-se, tomar o pequeno-almoço, etc - em suma, tudo ao contrário
  • Antes de sair de casa, se antes a última coisa que fazia era uma festa ao seu gato (atenção que o gato é dela), agora não lhe liga nenhuma e a última interacção que tem antes de sair é com o telemóvel
  • Chega a casa, vai a correr tomar o banho dela e depois de se despachar e pentear o cabelo às 3 pancadas....isso mesmo...telemóvel - quando antigamente fazia tudo nas calmas, demorava horas no banho e depois lia até à inconsciência
  • Sim, a leitura foi deixada para quarto plano, no mínimo. Anotei que houve dias em que nem uma página leu. Estamos a falar numa viciada nas letras!
  • Até a consola Nintendo já ganhou pó
Isto a somar a uma crescente irritabilidade e respostas tortas a quem faz parte do nosso núcleo.

Eu até sabia de antemão que isto ia ocorrer, mas tentei e falei antes com ela para a alertar para os efeitos nocivos da coisa. Portanto considero-me no direito de voltar ao que tínhamos, que é....telefone desligado 95% do tempo e de quando em vez, quer dizer que muito raramente o vai ligar e trocar mensagens por 10 minutos. Por aqui vamos retomar a cultura que sempre tivemos e que fizeram dela uma menina interessada pelo mundo, pela arte, pelas letras, pela música - tomar as rédeas, para não ser tarde demais.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Já começo a sentir o cheiro a férias...

Embora esteja a braços com uma bela gripe de Verão; antes agora, do que daqui a uns dias.

Folder "Para quê inventar" #6

 Também existe quem publicite "Depilação a Lazer"!  Confesso que quando olhei há uns dias para uma montra de um instituto, salão ou lá o que é de "beleza" fiquei parada por alguns momentos, não sabendo bem se deveria benzer-me, fazer serviço público e ir avisar as pessoas que aquilo estava mal escrito ou pura e simplesmente, seguir o meu caminho. Foi o que fiz, segui o meu caminho, porque na realidade não me foi perguntado nada, portanto não vale a pena entrar em contendas com desconhecidos à conta de ortografia. Mas...."depilação a lazer" é mesmo qualquer coisa! Para mim, não é mesmo lazer nenhum e posso confirmar que provoca até uma sensação algo desconfortável no momento, que compensa depois, mas daí a ser considerado lazer, vai uma distância extraordinária.

RIP - Seja lá isso o que for

 Sabemos lá nós se o descanso será eterno, ou mesmo se haverá esse tal descanso de que tanto se fala nestas situações. Sei que estou abananada. Muito. Penso na finitude e de uma maneira ou outra, já a senti de perto. A nossa evolução desde o nascimento até à morte é um fenómeno ambíguo e já dei comigo a pensar que sempre quis tanto ser mãe, que me custou tanto o parto da minha filha para lhe dar vida e que ela, tal como eu, um dia deixará de existir. Não me afecta a minha finitude, já desejei o meu fim precoce algumas vezes, mas não lido com pragmatismo com o desaparecimento de outras pessoas, nomeadamente das pessoas que me dizem ou até disseram algo. Hoje, deparo-me com uma notícia assim a seco e sem preparação prévia. Mas como é que um colega de quem recebi mensagens "ontem" pode ter morrido!? E vem-me sempre à cabeça aquele tipo de pensamento: "mas eu recebi ontem um email dele", espera, "eu tenho uma mensagem dele no Linkedin", "não, não pode, en