A minha filha adorou as últimas férias. A experiência, a aventura, a cultura, as gentes, o sair fora da caixa e estar perante realidades até ali desconhecidas.
Nunca tinha estado num deserto, nunca tinha andado de camelo, dificilmente teria ouvido ou prestado até aí atenção ao idioma árabe, nunca tinha visto mulheres a entrarem numa piscina vestidas com fatos completos, provavelmente nunca me tinha visto a cobrir propositadamente a cabeça e os braços perante certas ocasiões - foi tudo uma grande novidade.
Mas a verdade é que os olhos dela brilhavam e parecia que estava na sua zona de conforto, completamente enturmada com tudo e todos...mas houve uma excepção à qual na altura não dei grande importância, mas que há uns dias percebi que de facto, a marcou pela negativa.
Diz-me ela assim a despropósito:
"Mamã, se algum dia fores a Marrocos, eu não vou contigo!"
E eu fiquei quase que petrificada. Foi muita informação em poucas palavras. A minha filha dizer de antemão que não quer ir comigo viajar, a minha filha assumir que eu posso ir na boa viajar sem ela, e sobretudo referir o local pré-rejeitado - Marrocos. Mas porquê, pensei eu, questionando logo a seguir. Obtive a seguinte resposta:
"Lá tem medinas e eu não gosto das medinas mamã, tenho medo!"
Está explicado. Enquanto deambulávamos pelos Souk's a miúda transbordava de medo, embora eu lhe dissesse que não tinha por que recear. Não estávamos sozinhas e ninguém lhe ia fazer mal. Tive mais certeza disto, do que ter que lhe dizer o mesmo por exemplo na Mouraria lisboeta, mas tudo bem. Agarrou-se a mim, houve sítios em que até para o colo me saltava e eu sempre a tranquilizá-la e a explicar que as ruas eram estreitas, trata-se de comércio e estávamos ali para ver e comprar eventualmente alguma coisa. Mas senti que quando saímos dali respirou de alívio e senti também, sem lho dizer que foi uma altura em que ela precisou de facto da firmeza da figura masculina que lhe falta em casa, do braço forte a proteger as suas meninas, pois eu acho que ela ainda não me viu em modo leoa, e talvez ache que eu não tenho capacidade para a proteger.
Tentei desmistificar novamente a coisa, afinal se se proporcionar já quer ir a Marrocos, mas continua a dizer que "à medina não!" E como sou uma mulher de palavra, seja em que vertente da minha vida for, o prometido é devido. Se voltar a ir a um país muçulmano, não a levarei à medina, aos Souk's - apenas o farei se ela assim o entender. Quem me dera que pela vida fora a minha protecção de mãe se resumisse a isto.
Nunca tinha estado num deserto, nunca tinha andado de camelo, dificilmente teria ouvido ou prestado até aí atenção ao idioma árabe, nunca tinha visto mulheres a entrarem numa piscina vestidas com fatos completos, provavelmente nunca me tinha visto a cobrir propositadamente a cabeça e os braços perante certas ocasiões - foi tudo uma grande novidade.
Mas a verdade é que os olhos dela brilhavam e parecia que estava na sua zona de conforto, completamente enturmada com tudo e todos...mas houve uma excepção à qual na altura não dei grande importância, mas que há uns dias percebi que de facto, a marcou pela negativa.
Diz-me ela assim a despropósito:
"Mamã, se algum dia fores a Marrocos, eu não vou contigo!"
E eu fiquei quase que petrificada. Foi muita informação em poucas palavras. A minha filha dizer de antemão que não quer ir comigo viajar, a minha filha assumir que eu posso ir na boa viajar sem ela, e sobretudo referir o local pré-rejeitado - Marrocos. Mas porquê, pensei eu, questionando logo a seguir. Obtive a seguinte resposta:
"Lá tem medinas e eu não gosto das medinas mamã, tenho medo!"
Está explicado. Enquanto deambulávamos pelos Souk's a miúda transbordava de medo, embora eu lhe dissesse que não tinha por que recear. Não estávamos sozinhas e ninguém lhe ia fazer mal. Tive mais certeza disto, do que ter que lhe dizer o mesmo por exemplo na Mouraria lisboeta, mas tudo bem. Agarrou-se a mim, houve sítios em que até para o colo me saltava e eu sempre a tranquilizá-la e a explicar que as ruas eram estreitas, trata-se de comércio e estávamos ali para ver e comprar eventualmente alguma coisa. Mas senti que quando saímos dali respirou de alívio e senti também, sem lho dizer que foi uma altura em que ela precisou de facto da firmeza da figura masculina que lhe falta em casa, do braço forte a proteger as suas meninas, pois eu acho que ela ainda não me viu em modo leoa, e talvez ache que eu não tenho capacidade para a proteger.
Tentei desmistificar novamente a coisa, afinal se se proporcionar já quer ir a Marrocos, mas continua a dizer que "à medina não!" E como sou uma mulher de palavra, seja em que vertente da minha vida for, o prometido é devido. Se voltar a ir a um país muçulmano, não a levarei à medina, aos Souk's - apenas o farei se ela assim o entender. Quem me dera que pela vida fora a minha protecção de mãe se resumisse a isto.
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