Hoje, nem sei bem porquê, lembrei-me do Soajo. Não, não é o Soajo da Peneda Gerês, que por sinal é das vilas mais bonitas que conheço neste país com os seus espigueiros, mais ou menos artísticos espalhados no seu espaço. Mas este Soajo tinha outra beleza, e ladrava. Era um dos Castro Laboreiro do meu padrinho, que durante uma parte da sua vida entre outras coisas, foi criador desta raça autóctone de cães tão portuguesa. O Soajo não era um cão naturalmente simpático, nem era um cão afável. O Soajo tinha carácter e não era dado a confianças. Era um cão de guarda, e ponto. Não se deixava sensibilizar. Tinha um ladrar forte e rouco. Mas eu era criança, e achava piada ao Soajo. E colocava-me em cima dele, como se de um pónei anão se tratassse, e cavalgava em cima do seu lombo. O Soajo quando assim era, virava cordeiro, nem latia. Bom, se me visse vir ao longe ladrava com fervor, como que a dissuadir-me de me aproximar, mas depois, resignado, lá me deixava fazer-lhe diabruras, até me can