A vida não tem que ser convencional e cada vez mais nos deparamos com uma diminuição das famílias ditas tradicionais.
Não faço parte de uma e tão pouco fui capaz de construir a minha, mas lá está, a vida é assim, e não que não fosse um objectivo meu que tal acontecesse, mas o ser humano é demasiado complexo.
Vivi numa família reconstruída, com um padrasto que foi mais do que um pai - começando pelo facto de nunca ter tido um pai, já que o casamento dos meus pais se desfez devia ter eu 1 ano e meio e portanto desconheço o que é ter um pai assim daqueles mesmo a sério, biologicamente falando.
Mas a vida tinha reservado para mim, mais do que isso; o melhor dos 2 mundos. A figura masculina que obviamente faz parte, tanto como a feminina, no seio familiar de qualquer criança e jovem, mas acima de tudo, um amigão com mais 30 anos do que eu.
Não me lembro de ter levado um correctivo, não me lembro que se tenha zangado comigo, lembro-me acima de tudo da figura divertida, brincalhona, compincha e sobretudo muito conciliador face à educação espartana conferida pela minha mãe.
Melhor padrasto não poderia ter tido. É das pessoas que mais prezo na minha vida, e aquilo que sinto por ele vai muito além da relação de um pai com uma filha. Conservo a certeza de que foi e será sempre um grande amigo, um grande companheiro e quis a vida que, embora a vida lhe tenha dado 3 filhos biológicos, eu, acabei por ter a sorte de com ele ter privado mais anos e ter sentido de perto o seu orgulho perante as minhas conquistas, a sua mão a levantar-me perante algumas das minhas quedas e isso, não se alterou até hoje.
É a pessoa que vou conservar para todo o sempre e hoje que perfaz 70 anos de vida ainda que com mentalidade de 25 - é incrível como em certos aspectos continua a parecer um rapaz, quero deixar-lhe mais uma vez a demonstração da minha gratidão por tudo o que é para mim. Não me venham falar em "laços de sangue", porque os "laços da alma" unem-nos muito mais.
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