No outro dia fui almoçar ao sítio do costume, mas não consumi o costume, pois acompanhei a refeição com um sumo natural, o que raramente acontece. Paguei o que tinha a pagar, regressei ao trabalho, e passadas umas horas, sim, a minha cabeça é assim mesmo, sempre em movimento, sem que nada o fizesse prever, lembrei-me que paguei o mesmo que pago nos outros dias. A senhora não se lembrou que eu tinha pedido um sumo e eu, quando ela me fez a conta também estava noutra. Mas quando umas horas depois me vem isto à mente, tenho de facto duas hipóteses: ou esqueço e passo à frente porque a senhora não vai ficar mais pobre por 2€ de um sumo natural, ou não sou capaz e actuo ao meu modo. E oiço de quando em vez “mas ninguém é assim, tu não existes”. E eu respondo: “Mas eu não sou Ninguém, nem quero sê-lo.” Sou diferente de facto. Não que ganhe no momento algo com isso, na maior parte das vezes muito pelo contrário, pois continuam a abusar das minhas qualidades, mas, quando paro para reflectir...