Avançar para o conteúdo principal

Digamos que não é um azar, mas azarito até foi

Existe uma fronteira muito ténue entre o facto de fazermos tudo ao nosso alcance pelo bem dos filhos e fazer sacrifícios por eles. Onde começa um lado e acaba o outro, honestamente não sei. 
Ressalvo que ao fazer algo que considere que me sacrifica um pouco, ou mesmo muito, não é um queixume exacerbado, é apenas uma constatação.

Estou numa fase em que as energias estão muito abaixo do razoável, sou um ser humano (oh, a sério!?), tenho imensos desafios pessoais e profissionais a que tenho que dar especial enfoque, pois a minha vida depende disso e tenho uma filha que depende de mim a 1000%, percentagem que vai decrescendo em razão da sua cada vez maior autonomia - ou seja, já dependeu ainda mais.

Sei que já fiz exames a tudo e mais alguma coisa e até ver, coisa grave em termos físicos não tenho, logo não existe uma relação de causalidade entre andar estoirada e presumir de falta de saúde. Atenção, falei a nível físico. Não vale a pena começar para aqui a desvendar a parte emocional, até porque tenho um je ne sais quoi de Fénix.

Quer isto dizer que mesmo depois de um fim de semana em que não fiz nenhum, tirando o facto de ter sido Mamma Driver e pouco mais, ao fim do dia de ontem estava cansada. E é um dos dias em que depois de sair do escritório, esteja ele onde estiver, tenho que ir buscar a minha filha, voltar a percorrer cerca de 15kms para a levar à natação, esperar naquela atmosfera de banho turco, tratar dela, vesti-la, voltar a percorrer os tais 15kms, nos dias em que ela está mais cansada e que adormece no carro ainda tenho que carregar com os quase 30kgs dela ao colo mais:
  • Mochila dela
  • Lancheira dela
  • Saco da natação
  • A minha mala
  • A minha mochila do computador, com o computador, carregador, rato, etc lá dentro
  • 2 Guarda-Chuvas
Tudo isto para um 3º andar sem elevador. Depois chego a casa, continuo a ouvir birra, tenho que lhe dar o jantar, tenho que dar beijinhos, tenho que tratar do equipamento da natação, tenho que a deitar, apagar a luz....

Mas é o que tenho, e com mais ou menos forças, lá aguento com isso e muito mais, mas a verdade é que é um gosto fazer estas coisas por ela, mas não quer também dizer que algumas vezes não o faça com sacrificio. Como ontem, que mais me apetecia encostar e lá fui a correr porque ainda por cima ela ia ter uma aula de natação à qual queria muito ir, porque iam brincar com uns colchões.

Ya, chego lá, estou a dirigir-me para o balneário e vem uma amiguinha dela em sentido contrário a dizer que não havia aula porque a piscina estava interdita. Só não fiz birra por vergonha, porque a minha vontade foi mesmo deitar-me para o chão a chorar e a berrar. Que correria inglória a de ontem. E o que é que eu merecia?

Chegar a casa e ter um banhinho de sais preparado à minha espera, um belo jantar, um bom vinho, um bom serão, e um sono descansado.
O que tive - um duche de 5 minutos, um pão com manteiga, um copo com leite frio e adormecer torcida no sofá. É que até a televisão às tantas se desliga e me deixa para ali entregue à minha sorte.


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Já começo a sentir o cheiro a férias...

Embora esteja a braços com uma bela gripe de Verão; antes agora, do que daqui a uns dias.

Portugal, aquele tal Estado laico que nos enfia pelos olhos e pela alma dentro os desígnios da suposta fé Católica

 Eu aprecio o Papa Francisco e respeito quem tem fé, quem acredita. Deus pode ser adorado de várias formas, mas o fausto e a sumptuosidade da Igreja Católica não são de todo o que vem nas Escrituras. E defendo que cada vez mais deveriam eclodir os valores da humildade e do amor ao próximo e sobretudo canalizar a riqueza para onde ela é mais necessária. Sejam verbas da Igreja, dos fiéis ou do Estado, e nesse Estado também entro eu, acho vergonhoso o aparato que tem uma jornada destas. A sua essência é um bluff.  Sejam jovens, adultos, ou idosos, a clara maioria dos envolvidos nesta epopeia não vale nada, não faz nada para que a sociedade em que vivemos seja melhor. Porque pouco faz no seu “quintal”, para com as pessoas com que se cruza, para com o vizinho do rés do chão, para com a/o namorada/o que dizia amar como jamais amou alguém e no dia seguinte, o melhor que tem para dar é…ghosting; para com os avós, os tios, os pais…ou um desconhecido que precisa desmesuradamente de ajuda. As cri

Folder "Para quê inventar" #6

 Também existe quem publicite "Depilação a Lazer"!  Confesso que quando olhei há uns dias para uma montra de um instituto, salão ou lá o que é de "beleza" fiquei parada por alguns momentos, não sabendo bem se deveria benzer-me, fazer serviço público e ir avisar as pessoas que aquilo estava mal escrito ou pura e simplesmente, seguir o meu caminho. Foi o que fiz, segui o meu caminho, porque na realidade não me foi perguntado nada, portanto não vale a pena entrar em contendas com desconhecidos à conta de ortografia. Mas...."depilação a lazer" é mesmo qualquer coisa! Para mim, não é mesmo lazer nenhum e posso confirmar que provoca até uma sensação algo desconfortável no momento, que compensa depois, mas daí a ser considerado lazer, vai uma distância extraordinária.