....evidentemente até isso tinha que sobrar para mim.
Anda numa fase difícil de há umas semanas a esta parte. Dificuldade em reconhecer-me autoridade, sempre teve, daí eu ter que abrir os olhos, levantar a voz, castigar. Tenho a perfeita noção que o facto de ser permissiva de um modo geral aliado ao feitio dela, que não é bom faz com que ela se ache a "Rainha da Cocada Preta", mas quando a situação azeda ela sabe bem quem manda lá em casa.
Mas a idade já começa a ser outra, a exigência também, as frustrações idem e os efeitos da pré-adolescência ainda mais. Para além disso temos para ali uma questão qualquer Freudiana por resolver, mas da qual eu não tenho culpa nenhuma e aconselho-a amiúde para o fazer com o pai; it's not my problem, ou, como dizem os meus queridos amigos espanhóis, no es mi problema.
Esta semana posso dizer que fomos do Inferno ao Céu, para pararmos depois no Purgatório e voltar a baralhar tudo. Dia do Pai. Nada combinado, o que em meu entender até para descansar ânimos inquietos deveria ter sido feito, mas não foi - voltando aos espanhóis, se o dia era o do Pai, a falta de calendarização apropriada, no es mi problema ou, não deveria ser, pelo menos.
Pois que a fui buscar à hora habitual, vinha ela de presente feito por ela, olha para mim na diagonal e os olhos dela procuravam algo na rua, algo que não se mostrou. Ainda não tinhamos entrado no carro, já estava numa gritaria, depois de entrar, passou a dar safanões no carro e depois da adrenalina gasta, veio o choro.
"Porque o meu papá não me veio buscar, porque agora só o vejo daqui a 15 dias e não lhe vou dar a prenda!"
Porra, e eu que não sou de dizer palavrões, isto custa-me, mas que porra é esta. Isto deixa marcas num ser humano, que só quem já passou por isto sabe avaliar. Pero...que culpa tengo yo!? Ela chorava por fora e eu por dentro, mas assim mesmo, abateu-se sobre mim aquela presença de espírito que peço sempre nos piores momentos, olhei para trás com o meu melhor sorriso, limpei-lhe as lágrimas e fiz o meu melhor: olha lá Unicórnio Magenta, disse eu; não achas que se o papá pudesse ter vindo buscar-te, não estaria aqui? Se não está, obviamente é porque não pode, está a trabalhar, por isso a mamã está aqui.
Lá reduziu a intensidade de choraminguice e eu lembrei-me da cartada:
E se fossemos as duas jantar ao McDonald's?
"Yuppi mamã, eu quero, eu quero! E quando for o Dia da Mãe vou dar-te uma prenda muito bonita, tá bem?"
Passado algum tempo, passámos à segunda fase; eram para aí 19:20h e o telefone toca. Era o pai da Unicórnio Magenta. Respirei fundo e pensei: o homem faz-se. Passei-lhe o telefone, trocaram meia dúzia de palavras e oiço ao longe "passa lá o telefone à mãe".
Bom, lá perguntou se a podia levar a jantar. Obviamente que pode e deve, embora eu continue a achar que as coisas deveriam ser combinadas de outra forma mas isso já são outros 500. Apareceu para a levar a jantar eram 9 da noite, sim, 9 da noite. Estamos a falar de uma criança de 8 anos que se deita às 21:30h, mas tudo bem, dias não são dias. O problema foi o que eu tive que aturar entre as 19:20h e as 21:00h que foi a hora a que apareceu. Ele já não vem, ele está a jantar com os meus manos e esqueceu-se de mim, ele não gosta de mim, eu quero ir ao McDonald's, etc, etc, etc.
E eu, pacientemente dizia, ele vem a caminho, está no trânsito, não te enerves, tem calma contigo, etc, etc, etc.
Quando ele tocou à porta, novo drama - "Buáááááááá, mas eu não quero deixar-te a jantar sozinha mamã. Tu és minha amiga!"
Oh miúda, disse eu. E o que é que ires jantar com o pai no Dia do Pai tem a ver com gostares da mamã! Hoje é para estares com o papá, vai, aproveita, dá-lhe beijinhos, salta para o colo dele, agarra-te ao pescoço dele. Ele gosta de ti por isso trata de te divertires.
E foi...e eu suspirei de alívio após 2 horas de verdadeiro tormento. Nervosa por vê-la naquele sofrimento, naquela desilusão, naquela ansiedade. Não obstante o facto de me ter devolvido o Unicórnio Magenta à meia noite, sendo o dia a seguir de escola, fiquei aliviada pelo facto de ter estado com a filha e contribuir para a felicidade e alegria dela.
No dia a seguir de manhã para levantar da cama quem sofreu...mais uma vez o saco de pancada que é a mãe.
Eu aguento, não tenho mesmo outro remédio, mas começo a pensar seriamente que tenho que me inscrever no Boxe. Sim, eu também preciso de um saco de pancada, literalmente.
Anda numa fase difícil de há umas semanas a esta parte. Dificuldade em reconhecer-me autoridade, sempre teve, daí eu ter que abrir os olhos, levantar a voz, castigar. Tenho a perfeita noção que o facto de ser permissiva de um modo geral aliado ao feitio dela, que não é bom faz com que ela se ache a "Rainha da Cocada Preta", mas quando a situação azeda ela sabe bem quem manda lá em casa.
Mas a idade já começa a ser outra, a exigência também, as frustrações idem e os efeitos da pré-adolescência ainda mais. Para além disso temos para ali uma questão qualquer Freudiana por resolver, mas da qual eu não tenho culpa nenhuma e aconselho-a amiúde para o fazer com o pai; it's not my problem, ou, como dizem os meus queridos amigos espanhóis, no es mi problema.
Esta semana posso dizer que fomos do Inferno ao Céu, para pararmos depois no Purgatório e voltar a baralhar tudo. Dia do Pai. Nada combinado, o que em meu entender até para descansar ânimos inquietos deveria ter sido feito, mas não foi - voltando aos espanhóis, se o dia era o do Pai, a falta de calendarização apropriada, no es mi problema ou, não deveria ser, pelo menos.
Pois que a fui buscar à hora habitual, vinha ela de presente feito por ela, olha para mim na diagonal e os olhos dela procuravam algo na rua, algo que não se mostrou. Ainda não tinhamos entrado no carro, já estava numa gritaria, depois de entrar, passou a dar safanões no carro e depois da adrenalina gasta, veio o choro.
"Porque o meu papá não me veio buscar, porque agora só o vejo daqui a 15 dias e não lhe vou dar a prenda!"
Porra, e eu que não sou de dizer palavrões, isto custa-me, mas que porra é esta. Isto deixa marcas num ser humano, que só quem já passou por isto sabe avaliar. Pero...que culpa tengo yo!? Ela chorava por fora e eu por dentro, mas assim mesmo, abateu-se sobre mim aquela presença de espírito que peço sempre nos piores momentos, olhei para trás com o meu melhor sorriso, limpei-lhe as lágrimas e fiz o meu melhor: olha lá Unicórnio Magenta, disse eu; não achas que se o papá pudesse ter vindo buscar-te, não estaria aqui? Se não está, obviamente é porque não pode, está a trabalhar, por isso a mamã está aqui.
Lá reduziu a intensidade de choraminguice e eu lembrei-me da cartada:
E se fossemos as duas jantar ao McDonald's?
"Yuppi mamã, eu quero, eu quero! E quando for o Dia da Mãe vou dar-te uma prenda muito bonita, tá bem?"
Passado algum tempo, passámos à segunda fase; eram para aí 19:20h e o telefone toca. Era o pai da Unicórnio Magenta. Respirei fundo e pensei: o homem faz-se. Passei-lhe o telefone, trocaram meia dúzia de palavras e oiço ao longe "passa lá o telefone à mãe".
Bom, lá perguntou se a podia levar a jantar. Obviamente que pode e deve, embora eu continue a achar que as coisas deveriam ser combinadas de outra forma mas isso já são outros 500. Apareceu para a levar a jantar eram 9 da noite, sim, 9 da noite. Estamos a falar de uma criança de 8 anos que se deita às 21:30h, mas tudo bem, dias não são dias. O problema foi o que eu tive que aturar entre as 19:20h e as 21:00h que foi a hora a que apareceu. Ele já não vem, ele está a jantar com os meus manos e esqueceu-se de mim, ele não gosta de mim, eu quero ir ao McDonald's, etc, etc, etc.
E eu, pacientemente dizia, ele vem a caminho, está no trânsito, não te enerves, tem calma contigo, etc, etc, etc.
Quando ele tocou à porta, novo drama - "Buáááááááá, mas eu não quero deixar-te a jantar sozinha mamã. Tu és minha amiga!"
Oh miúda, disse eu. E o que é que ires jantar com o pai no Dia do Pai tem a ver com gostares da mamã! Hoje é para estares com o papá, vai, aproveita, dá-lhe beijinhos, salta para o colo dele, agarra-te ao pescoço dele. Ele gosta de ti por isso trata de te divertires.
E foi...e eu suspirei de alívio após 2 horas de verdadeiro tormento. Nervosa por vê-la naquele sofrimento, naquela desilusão, naquela ansiedade. Não obstante o facto de me ter devolvido o Unicórnio Magenta à meia noite, sendo o dia a seguir de escola, fiquei aliviada pelo facto de ter estado com a filha e contribuir para a felicidade e alegria dela.
No dia a seguir de manhã para levantar da cama quem sofreu...mais uma vez o saco de pancada que é a mãe.
Eu aguento, não tenho mesmo outro remédio, mas começo a pensar seriamente que tenho que me inscrever no Boxe. Sim, eu também preciso de um saco de pancada, literalmente.
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