Já há uns bons anos que tenho para mim que a nossa Constituição está a precisar de umas quantas revisões e de facto agora com a pandemia mais notório se torna que tal é imprescindível.
Então a nossa Constituição mão permite restrições no que toca a assistir a missas, portanto não está previsto atentar contra a liberdade religiosa - imagino se estivéssemos no meio de uma guerra civil se continuariam a permitir que os cidadãos deambulassem a caminho dos seus locais de culto. Também todos sabemos que consoante a congregação religiosa de que se faz parte, vai influir na forma em como as pessoas praticam o seu culto.
Mas a mesma Constituição dá margem a que continuando as escolas em funcionamento, os equipamentos que lhes dão suporte fiquem fechados. Portanto a minha filha tem aulas em contra-turno com intervalos de 2 horas e meia e eu, que estarei a trabalhar, já poderei interromper vezes sem conta a minha actividade para a ir levar, trazer, voltar a levar e trazer ao fim do dia. Também posso estar a trabalhar e a facultar-lhe o apoio ao estudo que normalmente faz o centro de estudos, mas como não podem laborar a partir de amanhã....está tudo dito.
As feiras também vão funcionar - não tenho nada contra os feirantes, embora a feira seja um local que não frequente, mas, todos sabemos como funcionam as feiras e suas bancas. Distância social!? Desinfecção!? Asseio!? - deixem-me rir às gargalhadas.
Também não é constitucional adiar eleições num cenário destes, portanto continuamos a vê-los em campanha eleitoral, quando a ordem, daqui a 4 horas é de ficar em casa.
Quem por questões estéticas até quiser ir branquear os dentes, pode ir, porque os dentistas vão estar a trabalhar, e muito bem. Mas quem tiver uma unha do pé encravada, não pode ir à pedicure. Mas também não pode ir ao hospital arrancar a unha quando já não houver nada a fazer, porque se pessoas com problemas oncológicos não são prioritárias, uma unha enterrada no dedo do pé e infectada é quase nada.
E podia estar aqui mais uma hora a enumerar aspectos que de uma vê a por todas deveriam estar na mesa dos constitucionalistas, abrir algumas brechas, para não se assistir a esta incongruência brutal.
E não, não sou contra o confinamento. Mas também acho que não deveria ser necessário usar de força bruta se os cidadãos fossem sensatos e não tivessem sido egoístas por alturas do Natal e Ano Novo. Os actos de muita gente básica e sem bom senso deram origem ao aumento da situação de tal modo que, nos voltaram a prender coercivamente em casa!
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