Por muito que não se ligue a estratégias de Marketing que nada têm a ver com afectos, a verdade é que cada vez mais existem "dias calendarizados para tudo", e se há alguns que são absolutamente parvos, outros há que, quer queiramos quer não nos trazem memórias.
Ontem, Dia S. José, como sempre , celebra-se o Dia do Pai. E foi a terceira vez consecutiva em que não tive a quem ligar para dizer o que me viesse na alma, ouvir do lado de lá umas baboseiras e piadas improvisadas, mas sempre com muita piada. Tendo sido um Domingo, acredito que até tivéssemos almoçado e aproveitado o dia lindo que esteve para passear e apanhar um sol.
Não foi possível, e não o será mais, enquanto eu viver. É incrível como uma coisa tão banal, quando não temos a quem, se pode tornar tão dolorosa.
Não obstante lembrei-me dele, como me lembro sempre, até porque ainda não encaixei a sua partida. É todo um processo e eu sou de lutos longos.
Ontem também faleceu uma pessoa que qualquer português deveria identificar como um Grande Homem, com H mais do que maiúsculo; o Senhor Rui Nabeiro. Quando de manhã cedo me deparei com a notícia, não deixei de considerar irónico o dia da sua partida, já que foi um Pai, não só para os seus filhos, como também para tantos com quem se cruzou e a quem votou o seu humanismo.
A prova de que não é preciso ser-se Doutor, para alcançar a Cátedra em respeito ao próximo, valores, humanismo, liderança, bondade. Um grande Homem, um verdadeiro Senhor que soube ser sempre amável e cuidadoso para com os outros. E sinceramente não entendo como ainda não ouvi qualquer informação de decreto de Luto Nacional para quem de facto fez a diferença neste país e nesta sociedade de pessoas com escrúpulos discutíveis.
Curvo-me com respeito perante a memória deste Senhor e, também pela sua partida estes dias estão a ser tristes para mim.
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