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Aquele comentário que as mães nos faziam e nós revirávamos os olhos

 E eu pelo menos pensava: "temos aqui a reencarnação do Nostradamus!"

Só que as mães sabem umas coisas e depois a vida, faz-nos mães e lá vamos ter que concordar.

"Quando fores mãe, vais ver!" ou "Filha és, mãe serás", etc.

De facto ter filhos significa ter o coração a bater e deambular sabe Deus onde, exposto não sabemos também a quê, mas calculamos algumas coisas.

A minha filha tem azar com as turmas onde calha, sobretudo desde o 5º ano. Já está no 7º e a situação tende a piorar. Eu sei perfeitamente que uma coisa é termos os filhos na nossa alçada e depois tê-los no grupo - não obstante, mesmo que se extravase mais ou menos, as bases estão lá.

Conheço a minha filha como mais ninguém conhece, e é engraçado que com todos os professores que vou falando me comentam exactamente isso. Que sou uma mãe que conhece a sua criança, sei exactamente até onde ela é capaz de ir, mas também, e sem falsas modéstias, sei bem que ela é uma miúda incrível, responsável, briosa, dedicada...mas que não gosta de levar desaforos para casa. É muito emocional, mas já conseguimos que não chore a cada maldade que lhe fazem, é honesta e tem um sentido de justiça enorme. Quando sabe que tem razão, não larga o tema, quando sabe que não tem, temos que contar tranquilamente atá 100 e depois ela retrata-se e dá a mão à palmatória.

De várias coisas me orgulho, mas acima de tudo de ter uma filha bem educada e com um espírito livre.

Ontem chegou a casa com mais 2 boas notas, e dizendo (o que nem lhe é habitual) que a Ciências teve a melhor nota da turma e que houve 70% de classificações negativas na turma. Sempre fiz questão de não querer saber o que fulano A, B ou C tirou no teste, se há notas melhores, ou piores, nem tão pouco quero saber se ela é a melhor, embora quando vem um Prémio de Mérito ou Excelência fique muito feliz. Por ela, sobretudo por ela. Deve sempre querer superar-se a ela própria e nunca deixar de acreditar nas suas capacidades, por muito que o mundo que a rodeia a tente convencer do contrário.

Hoje, recebo um email da Direcção de Turma para todos os Encarregados de Educação e as notícias são péssimas: classificações deploráveis, mau comportamento, bullying através de grupos de whatsapp, quase casos de polícia.

Falando com uma amiga há uns dias, cujo filho frequenta um colégio dos bons, o discurso foi o mesmo; que há uns dias lá foi a polícia e a CPCJ devido a situações anómalas que incluem uso indevido de telemóveis e as redes sociais.

A minha filha, mesmo não utilizando telemóvel na escola e o uso do mesmo ser por mim controlado, já sofreu consequências que quase me levaram a fazer uma participação na polícia, tendo ficado na altura assumido por mim perante a Escola que caso se voltasse a repetir, era o que faria - mas a culpa não é da escola, nem dos professores. É da falta de educação e de respeito que se tornou prática, regra e não a sua excepção.

Vejo-me cada vez mais vigilante e atenta e neste ponto, consigo perceber alguns dos receios que a minha mãe tinha há 30 anos atrás. Eu não lhe dava razões para tal, nem tão pouco a minha filha as dá mas...a fronteira é de facto muito ténue e o início da prevaricação pode até ser mais tentador, do que o do cumprimento das regras e normativos sociais.

Não quero viver assoberbada nem retirar-lhe a liberdade a que ela tem direito, mas a actual crise de valores é algo que me atormenta.

Melhores tempos, precisam-se!

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