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Numa rusga aos papéis

 Daquelas necessárias em que se deita uma série de lixo no papelão, dei com este documento que, sobreviveu a rusgas anteriores, mudanças de casa, e cá vai continuar…porque faz parte das minhas memórias, da minha existência. 

A mensagem de preparação da Benção de Finalistas 2000, o culminar do projecto de estudo iniciado 17 anos antes, aquando da minha entrada na escola. 

Aqueles 5 anos de curso foram muito intensos. Muita aprendizagem, conhecer muita gente e aprender muito com algumas das pessoas que conheci, realidades e dinâmicas completamente novas, para uma miúda que se viu “atirada” para a Cidade Universitária com tão só 17 anos de idade. 

Tive professores que já admirava muito antes de considerar sequer seguir Sociologia, tive colegas de carteira que davam cartas noutras áreas da vida pública e todo aquele mundo de saber que se me abriu, fez espoletar em mim um espírito crítico, uma ainda maior vontade em ser um agente de mudança. 

Foi de facto uma época irrepetível e que me deixou saudades.

Aquele dia de celebração, o tal dia de Maio de 2000, quente, e ainda mais quente para tantos quantos estávamos naquela Alameda da Universidade a ostentar com orgulho as suas capas negras, também não deixou de ser um dia em que se adivinhava nos nossos rostos uma certa nostalgia. Mesmo que se frequentem mais cursos superiores na vida, e até outros níveis, nada se compara à primeira experiência, à primeira licenciatura e à forma como “bebemos” da Academia.

Naquele tal dia de Maio, conheci o à data Patriarca de Lisboa, e não sendo eu a católica praticante de excelência, o facto de ter estado com ele, de ter recebido dois beijos seus, e de ter estado com as minhas mãos entre as suas por alguns momentos enquanto me desejava, segredando-me ao ouvido, uma vida plena de sucessos e boa aventurança, fez com que guardasse na memória de uma forma inesquecível, todas as sensações que experimentei naquele dia. 

E já lá vão 23 anos…uma vida. Não posso dizer que seja plena de sucessos e boa aventurança mas…o contrário também não o é, de todo.

E continuo a ser muito grata pelas oportunidades que tive, e finalmente aprendo a ser grata igualmente pelos factos menos bons, pois são eles que mais me têm feito crescer e aproximar do que no fundo é dos factores mais importantes para a existência de um ser humano decente. Perdoem-me o pleonasmo, mas é disso que se trata; ser um ser humano decente. Coisa rara nos dias de hoje.



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