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Acerca do Blackout do post anterior

 Começo pelo fim, aquele de que estou em blackout. Sei que tenho que presentear meia dúzia de pessoas especiais, pessoas essas que acredito não me vão insultar depois de receberem um presente meu, mas para não correr riscos, são só mesmo meia dúzia e é contrariada. Como os Juízes do Supremo, com Voto de Vencida.

Adoro presentear, mas estou numa fase em que pura e simplesmente estou sem vontade. E dar por dar, porque o nosso calendário assim o dita, também já me começa a chatear. Para o ano viro-me para o Ramadão. É mais cedo. As pessoas parecem muito fofinhas, muito beneméritas, até desejam Feliz Natal não obstante nos terem lixado e magoado ao longo do ano, como se isso lhes fosse expiar os pecados,  muito nhónhónhó, mais la merde est la même. 

Mas depois há seres do demónio, tipo.....a minha filha. Essa que está acima de todas as dores e males do mundo, mas que ainda nem nela tinha pensado verdadeiramente.

E eis que aos 12 anos, o que não deixa de ser engraçado e por culpa única e exclusiva daquela pessoa que nunca vai deixar de ser tão importante para nós, a Rita vai ter uma prenda conjunta dos "pais". Acho o máximo e passo a explicar.

Já falei aqui ocasionalmente no Nuno. Um grande grande amigo, uma pessoa boa, que me acompanhou e à Rita seguramente na fase em que mais precisei. Conheceu-a com 3/4 semanas de vida, nisto tivemos uma relação de altos e baixos que no seu total durou 5 anos, teve o seu fim em 2015, eu e só eu precisei de distância, porque aquela relação como existiu nuca devia ter existido, estávamos os 2 a passar cada um por um momento trágico na vida, mortos por dentro e anestesiados por fora, e juntámos duas almas perdidas. Naquele tempo depois do fim que ainda foram aí uns 2 anos talvez eu não o vi mais, porque no fundo eu sentia pena dele, de mim, de nós - e isso é terrível. Mas ele jamais de esqueceu dos anos da Rita, dos dias da criança, dos Natais, Carnavais e Páscoas e mandava sempre uma mensagem de afecto, sincera. E eu respondi sempre. Não houve maldade na nossa relação, não houve um crápula e uma vítima, um escroque e um vassalo. Houve uma crise grande de emoções e duas pessoas tremendamente destruídas acharam que iam dar certo. Mas não.

Até que após o período de luto, sou de lutos longos e ele conseguiu respeitar isso, um dia telefonou-me e falámos, rimos, chorámos e hoje passados tantos anos o Nuno será sempre o pai(drasto) da Rita, mesmo que entre ele e a mãe só haja uma grande amizade. O Nuno de facto nunca, mas nunca a abandonou, nunca deixou de estabelecer contacto com ela, saber das notas da escola, aliás, têm conversas só deles que eu nem imagino. Quando se põem ao telefone e ela se fecha no quarto, percebo que são momentos de "pai" e filha. A família dele, incansável, e se há quem acabou a relação de uma forma bruta, essa pessoa fui eu. Não sou cá dessas faltas de educação de terminar por  whatsapp ou sms, mas foi uma conversa presencial dura.

Pois que eu ainda não tinha pensado em nada, liga-me ele no outro dia com a ideia, e, sobretudo, a logística. Há melhor Ex que este? Pois comprou, dado o valor ficou a prenda dos "pais", embora já me tenha dito o "traidor" que lhe comprou mais um complemento, a mãe dele mais não sei o quê....e é isto....famílias modernas e pessoas que se respeitam acima de tudo e, mais do que isso, respeitam as crianças, que é o mais importante.

Já lhe transferi a minha parte dos custos e está feito e acho que ela vai delirar com esta experiência de receber uma prenda conjunta, da parte materna e da parte a quem ela tem o amor paternal/fraternal/de companheirismo, por que já não tem cá o avô. E só por isso faço uma pausa no meu blackout e nunca terei palavras para agradecer ao Nuno tudo o que tem sido para nós e também para mim, nas fases mais difíceis onde até já desabafei com ele relações falhadas. 

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