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É mesmo ter outro coração fora do corpo

Anteontem chego ao colégio e vejo-a com uma carinha muito abatida; como é hábito, quando lá chego e toco à porta, ela já me topou da janela, eu abro os braços, ela vem a correr e é uma grande festa. Nesse dia não foi.

Vinha a arrastar-se, mas até pensei que seria o resultado de alguma contenda; perguntei-lhe se estava tudo bem, disse que não, doía-lhe a cabeça e a barriga.

Aproximei os meus lábios da testa dela, ardia, não obstante ser uma miúda que, tal como eu, ter uma temperatura corporal de si alta e nesse dia estar bastante calor. Mas só de olhar para ela percebi que não obstante a hipotética dor de cabeça e barriga a miúda estava-me desidratada - os olhos muito abertos e sem humidade e a boca seca.

Cheguei a casa, medi-lhe a temperatura ao mesmo tempo que lhe dei 200ml de soro pediátrico com água temperada - em momentos parecia outra. Estava a tocar os 38º, pelo facto de ter dor de cabeça lá lhe dei ben-u-ron.

No rescaldo não quis jantar a sério, pediu cereais. Lá lhe dei cereais. Acabados os cereais, vem com ar de gato das botas do Shrek pedir-me lasanha. Lá fui aquecer a lasanha e comeu um belo prato.

Foi-se a dor de cabeça, de barriga e já tinha a minha pequena endiabrada de volta.

Ontem, lá dei instruções no colégio para se assegurarem que ela bebia água, porque apesar daquele tamanho todo, não deixam de ser 8 anos, a brincadeira é o mais importante e por vezes temos que os lembrar ainda destes detalhes.

A minha mãe, que em vez de um coração a bater fora do corpo, deve ter 30, liga-me ontem de manhã a perguntar pela neta, e começa-me com os dramas e tonterias a dizer que se a miúda estava com cefaleias e dor de barriga, que eu devia ir ao hospital, porque podia ser Meningite. Oh meu Deus, em vez de me tranquilizar, tem sempre aquele seu jeito de me colocar ainda mais minhocas na cabeça, mas controlei-me - lá lhe disse que não vou louca para o hospital se a criança está controlada, que gastei 400€ nas vacinas da meningite e que portanto, mesmo não estando livre de desenvolver a doença, era mesmo um grande azar.

Claro que ao longo do dia liguei para o colégio e a criança estava aparentemente bem.

Ao fim do dia, fui buscá-la: lá veio ela a correr para os meus braços, a pedir que quando chegasse a casa queria comer um iogurte, cheia de desenhos, doida como sempre. Naquele estado de euforia pu-la a falar com a avó ao telefone, para tranquilizar o coração da Senhora e sem ensaios a pequena diz-lhe assim:

"Vóvó, estou a ligar-te para dizer que te amo muito, está tudo bem e agora vou brincar para casa das minhas amigas!"

E lá foi...e estava bem e tudo me diz que não passou mesmo de um dia de grande brincadeira e pouca água. Se eu fosse uma mãe "histérica" já me tinha dado um ataque cardíaco com estes pequenos nadas da minha filha.

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