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A empatia não tem estratificação social associada

 Para os lados bom e mau.

Vejamos: no fim de semana num dia de calor infernal, dei comigo a ter que beber água num bebedouro público, e, surpresa das surpresas, a água até estava a sair relativamente fresca.

Mas, quando lá chego, estavam 2 senhores sem abrigo com o seu cão, a encherem um garrafão com capacidade para 5 litros. Aproximei-me e obviamente disse-lhes "boa tarde" e, fiquei a aguardar pela minha vez. Nisto, eles retiram o garrafão e dão-me a vez, dizendo que o deles demoraria mais tempo a encher.

Recusei, dizendo-lhes que quando lá cheguei eles já se encontravam a encher o seu garrafão, pelo que eu aguardaria pela minha vez, não sem antes lhes agradecer o gesto cavalheiresco e educado.

E a partir daí, enquanto ali estive, foram de uma ternura e simpatia para comigo inexcedíveis; disseram-me que estava muito calor e que eu tinha mesmo que beber muita água e avisaram-me para ter cuidado com os bebedouros porque por vezes a água vem com sujidade, e devo sempre deixar correr alguma água até consumir e caso esteja turva, para não beber.

Tudo coisas que o cidadão comum sabe, mas o cuidado e a preocupação deles a lançar o alerta, tocou-me muito o coração.

Foram mais empáticos para comigo aqueles dois senhores que não conheço, que estão tão marcados pela vida, que pessoas em quem depositei a minha confiança e a quem dei o meu coração ao longo da vida. Por isso de facto, não existem regras e a empatia e bondade chegam-nos de quem menos esperamos, tal como o seu inverso.

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