Esta semana o tema foi a barcaça submergível que, como já se sabe, terminou a sua epopeia de forma trágica.
E desde que saíram as primeiras notícias, deparei-me nas redes sociais com comentários acerca da publicidade que estava a ser dada ao caso e a sua comparação com a crise dos migrantes, por exemplo. É incrível como aparecem uma série de beneméritos nestas situações quando se trata de comparar situações de pessoas com imenso dinheiro.
A crise dos migrantes é algo devastador; jamais me esqueço da imagem do menino que apareceu na orla marítima na Turquia há uns anos, morto, imóvel, sozinho. Mas é por isso que se deve fazer troça, criar piadas e desvalorizar uma tragédia iminente ocorrida com 5 pessoas abastadas que decidiram ir ver os destroços de um barco afundado!?
O facto de terem muito dinheiro e interesses algo discutíveis, torna-os elegíveis para uma morte trágica ou para serem alvo de piadolas estúpidas?
Qualquer ser humano faz com o seu dinheiro aquilo que bem entender, mas, perante a tragédia somos todos iguais. Que a comunicação social e os governos actuem de formas distintas com ricos e pobres, muito mal - mas que sejam "atacados" esses orgãos e não as vítimas, que na sua essência são seres humanos na mesma.
É disso que se trata - os migrantes não têm qualquer culpa da sua condição, mas o grupo de milionários em expedição por um barco afundado, também não. Se poderiam dar outro destino ao seu dinheiro!? Que temos nós a ver com isso se o dinheiro era deles!?
E não deixa de me causar de facto alguma revolta tantos beneméritos que têm zero empatia nas situações do dia-a-dia, poderiam fazer a diferença nas suas relações pessoais e na sua vida e agora elevam-se com falsos moralismos.
Em qualquer das situações, há mortes trágicas. Haja respeito.
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