Em casa de amantes de Teatro como era sobretudo a minha avó materna, lembro-me desde sempre de ouvir o nome Eunice Muñoz. E foi a minha avó que me levou pelos caminhos do Teatro e da Música. Foi com ela que fui ao teatro as primeiras vezes, foi com ela que ouvi pela primeira vez um Coro, foi com ela que fui a Óperas e de cada vez que ia saía de lá com a pele arrepiada, tal não era a forma como a minha alma era tocada.
A admiração por esta Senhora que hoje nos deixou veio com uma telenovela. A minha mãe jamais me deixava assistir a telenovelas mas lembro-me que a Banqueira do Povo era transmitida num horário em que ela não estava em casa, e eu via. Foi nesse registo que fiquei vidrada na interpretação da Eunice Muñoz que já tinha décadas de história e…no Diogo Infante. E a partir daí, no eclodir da minha adolescência comecei a consumir o que podia e da forma que podia a mestria dos grandes. E os grandes não morrem, apenas se desvanecem para a dimensão dos imortais que…não estando fisicamente, estão mais presentes que nunca nas memórias que plantaram em nós.
E aqui deixo uma prova da imortalidade destes dois Grandes: A Dúvida. Dos textos mais impactantes e misteriosos que poderia ter sido escrito a tocar em temas tão sensíveis. E a interpretação brilhante destes dois senhores que fica marcada para sempre, dada a sua entrega, seriedade e despojo de tudo o que são para viver os personagens criados pelo John Patrick Shanley de uma forma tão intensa e real, capaz de, cada um deles, deixar mesmo plantada em nós…a dúvida.
Hoje passam na minha cabeça qual longa-metragem todas as vezes que vi Eunice Muñoz a representar e eu, com os meus botões a pensar….que Grande. Que Diva. Que Talento. Que…..tudo! Até sempre querida Eunice e muito obrigada por tanto que nos deu.
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