De cinto, com paus, etc. Ontem foi um dia duro. Ao final do dia ainda fiz por duas vezes a viagem Lisboa-Setúbal-Lisboa, mas, embora contra a inicial vontade da minha irmã, era mais do que o meu dever. Precisava dar-lhe aquele abraço. Covid, temos pena, mas entre o teu terror e o mimo que a minha irmã precisa, com as precauções possíveis não deixei de a abraçar e de a confortar nesta fase difícil que a família está a passar.
Já não via a minha mãe em pessoa há mais de um mês, a própia já estava a ficar em sofrimento por não ver a neta, pelo que entre trajectos também nos foi possível ir dizer-lhe um adeus respeitando cerca de 1 metro e meio de distância. A miúda foi avisada para não se aproximar da avó mas claro, mal a viu à porta disparou a correr e só ficou estática perante o meu grito em voz de comando - a avó chorava copiosamente de emoção, para ela a neta está enooooorme, parece que vivemos em continentes diferentes e chegámos ao maravilhoso mês de Agosto em que nos podemos abraçar, mas sem abraços.
Não está a ser fácil, mas estamos entre todos a fazer o nosso melhor e a manter alguma presença de espírito face à catadupa de emoções com que estamos a lidar nos últimos tempos.
O valente murro no estômago de ontem foi ter que lidar com esta pergunta da minha filha:
"Mamã, o avô vai morrer? Não vai pois não? Eu quero ir vê-lo e ele disse que ia ficar melhor. Ele brinca muito comigo e já fui ver os golfinhos com ele"
Não sou favorável à ideia de se poupar o sofrimento a quem quer que seja, muito menos às crianças, porque isso mais cedo ou mais tarde vai estoirar, mas há sempre que encontrar as formas menos dramáticas de lhes passar as informações. Primeiro disse-lhe que jamais lhe mentiria e que aconteça o que acontecer ela saberá. Depois lá lhe disse que todos partimos algum dia, mas esperamos sempre que seja quando formos bem velhinhos. O que se passa com o avô é que tem um dói-dói muito grande, mas que tem a família e sobretudo os médicos a lutarem por ele e a ajudá-lo a ter uns dias mais tranquilos e sem dói-dói, mas nunca sabemos o que vai acontecer depois. Temos que desejar no nosso coração que ele melhore, temos que ter muita força e pensar que tudo se está a fazer pelo avô (embora discorde desta última parte, porque à conta do Covid estão a esquecer-se e a deixar para segundo plano doentes com patologias tão ou mais graves, mas essa parte escuso de lhe transmitir. É bom que a miúda continue a confiar na Ciência)
Já não via a minha mãe em pessoa há mais de um mês, a própia já estava a ficar em sofrimento por não ver a neta, pelo que entre trajectos também nos foi possível ir dizer-lhe um adeus respeitando cerca de 1 metro e meio de distância. A miúda foi avisada para não se aproximar da avó mas claro, mal a viu à porta disparou a correr e só ficou estática perante o meu grito em voz de comando - a avó chorava copiosamente de emoção, para ela a neta está enooooorme, parece que vivemos em continentes diferentes e chegámos ao maravilhoso mês de Agosto em que nos podemos abraçar, mas sem abraços.
Não está a ser fácil, mas estamos entre todos a fazer o nosso melhor e a manter alguma presença de espírito face à catadupa de emoções com que estamos a lidar nos últimos tempos.
O valente murro no estômago de ontem foi ter que lidar com esta pergunta da minha filha:
"Mamã, o avô vai morrer? Não vai pois não? Eu quero ir vê-lo e ele disse que ia ficar melhor. Ele brinca muito comigo e já fui ver os golfinhos com ele"
Não sou favorável à ideia de se poupar o sofrimento a quem quer que seja, muito menos às crianças, porque isso mais cedo ou mais tarde vai estoirar, mas há sempre que encontrar as formas menos dramáticas de lhes passar as informações. Primeiro disse-lhe que jamais lhe mentiria e que aconteça o que acontecer ela saberá. Depois lá lhe disse que todos partimos algum dia, mas esperamos sempre que seja quando formos bem velhinhos. O que se passa com o avô é que tem um dói-dói muito grande, mas que tem a família e sobretudo os médicos a lutarem por ele e a ajudá-lo a ter uns dias mais tranquilos e sem dói-dói, mas nunca sabemos o que vai acontecer depois. Temos que desejar no nosso coração que ele melhore, temos que ter muita força e pensar que tudo se está a fazer pelo avô (embora discorde desta última parte, porque à conta do Covid estão a esquecer-se e a deixar para segundo plano doentes com patologias tão ou mais graves, mas essa parte escuso de lhe transmitir. É bom que a miúda continue a confiar na Ciência)
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