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Quando "adoptamos" pessoas e ficam num lugar especial do nosso coração

Tomamos as suas dores e problemas como se fossem nossos, e vibramos com as suas alegrias e sofremos com os seus dilemas.

Tenho uma menina numa das equipas que coordeno, italiana, e caso eu tivesse sido mãe aos 18 anos, podia ser minha filha. É excêntrica na maneira de vestir, a uma primeira vista quem me conhece conclui que não tem nada a ver comigo, mas tenho um carinho por aquela miúda que não consigo explicar. O namorado foi a primeira pessoa que conheci e  criámos uma empatia bestial.

Pois que a miúda, há uns tempos atrás me aparece com um caroço enorme no pescoço e eu não gostei do que vi e incitei-a a ir ao médico - o facto é que a miúda já teve um cancro na Tiróide e caroços no pescoço levam-me à minha avó e ao Linfoma que a tirou de nós.

A miúda primeiro foi fazer análises; assim que teve os resultados veio mostrar. Ok, não gostei. Indicadores tumorais de nível II. Disse-me que só teria nova consulta passados meses. Lá voltei a empurrá-la para outro hospital e insisti para que tentasse encurtar o espaço de tempo.

Conseguiu, foi fazer mais exames, até à biópsia. Veio o resultado lá fui eu ler. Não sou médica, mas quando vejo que o analista solicita que os resultados da biópsia sejam cruzados com exames complementares, mas que tudo indica para um Linfoma de baixo grau, não gostei outra vez. Fiquei lixada com "F", vários "F's" por sinal. Eu gosto da miúda, é estrangeira, só tem cá o namorado, também ele estrangeiro, tem idade para ser minha filha....e não merece, bolas, não, chega. Já sofreu tanto, é tão dinâmica, tão prestável, tão interessada, tão capaz, tão querida.

É a minha Ele, e eu não quero que ela sofra. É incrível como nós, seres humanos, conseguimos ter esta capacidade de amar os outros e amando, cuidamos, rimos, choramos, sofremos. Ela vai ultrapassar esta porcaria, eu acredito que vai. Ela merece e eu quero vê-la brilhar.

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