Avançar para o conteúdo principal

Ontem

Conheci uma menina, Clara de seu nome, com os seus 10/11 anos, com cancro.

Um pouco inchada da cortisona, sem ponta de cabelo, um lencinho a disfarçar a cabeça nua...mas um sorriso dos mais felizes que já vi.

Faladora como só ela, muito participativa, chateada porque não consegue deixar de ir nervosa para os testes na escola e teve 2 a Matemática, embora tenha estudado - mas passou de ano :)

E às tantas, dizia ela, que é uma boa menina, não faz mal aos amigos, obedece aos pais, às vezes lá faz uma traquinice ou outra, mas não entendia o porquê de estar tão doente e a sofrer tanto.

Lá lhe foi dito para entender tudo como se de uma prova de tratasse, encarar cada dia de tratamento como mais uma oportunidade e pensar que também, tantos meninos muitos mais pequenos ainda passavam por provações semelhantes ou ainda piores.

E ela insistia...que não entendia...

Olhei para ela com ternura, sorri...calada, cá por dentro, também penso, o que é que aquele inocente ainda irá sofrer mais...e qual o sofrimento que está reservado para todos nós.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Já começo a sentir o cheiro a férias...

Embora esteja a braços com uma bela gripe de Verão; antes agora, do que daqui a uns dias.

Folder "Para quê inventar" #6

 Também existe quem publicite "Depilação a Lazer"!  Confesso que quando olhei há uns dias para uma montra de um instituto, salão ou lá o que é de "beleza" fiquei parada por alguns momentos, não sabendo bem se deveria benzer-me, fazer serviço público e ir avisar as pessoas que aquilo estava mal escrito ou pura e simplesmente, seguir o meu caminho. Foi o que fiz, segui o meu caminho, porque na realidade não me foi perguntado nada, portanto não vale a pena entrar em contendas com desconhecidos à conta de ortografia. Mas...."depilação a lazer" é mesmo qualquer coisa! Para mim, não é mesmo lazer nenhum e posso confirmar que provoca até uma sensação algo desconfortável no momento, que compensa depois, mas daí a ser considerado lazer, vai uma distância extraordinária.

RIP - Seja lá isso o que for

 Sabemos lá nós se o descanso será eterno, ou mesmo se haverá esse tal descanso de que tanto se fala nestas situações. Sei que estou abananada. Muito. Penso na finitude e de uma maneira ou outra, já a senti de perto. A nossa evolução desde o nascimento até à morte é um fenómeno ambíguo e já dei comigo a pensar que sempre quis tanto ser mãe, que me custou tanto o parto da minha filha para lhe dar vida e que ela, tal como eu, um dia deixará de existir. Não me afecta a minha finitude, já desejei o meu fim precoce algumas vezes, mas não lido com pragmatismo com o desaparecimento de outras pessoas, nomeadamente das pessoas que me dizem ou até disseram algo. Hoje, deparo-me com uma notícia assim a seco e sem preparação prévia. Mas como é que um colega de quem recebi mensagens "ontem" pode ter morrido!? E vem-me sempre à cabeça aquele tipo de pensamento: "mas eu recebi ontem um email dele", espera, "eu tenho uma mensagem dele no Linkedin", "não, não pode, en