Já me tinha apercebido na reunião de início de ano lectivo que de facto o universo em questão tinha as suas peculiaridades, mas falemos de exemplos práticos:
- Uma mãe com uma silhueta acima do avantajado alapada na cadeira (honestamente analisando o tamanho dos assentos, não sei como é que ela não tombava), levou uma criança barulhenta com cerca de 2 anos e não se dignou a tomar conta dela. Ok, não tinha obrigação de ter com quem o deixar, mas não tinha que ser a professora primária que estava a tentar informar os pais das restantes 25 crianças do que foi o balanço do 1º período, a entreter a criança, a dar-lhe ora uma caneta, ora um lápis ou a dizer-lhe "da minha garrafa não podes beber água)
- Outra mãe, após comentar que sabe que o filho é conversador, solicita ajuda à professora para lhe ensinar a lidar com o filho em casa e a melhor forma de o convencer a não falar dentro da sala de aula, ou, a falar o mínimo - For Christ Sake - isto é uma tentativa de graxa, ou a mulher é mesmo parva?
Se acha que o filho tem um problema, leve-o ao médico; se não, é bom que perceba que uma pessoa conversadora é automaticamente mais extrovertida do que uma pessoa calada. Logo, trata-se de uma característica intrínseca ao ser humano em questão. Mudar, com estas idades é difícil, mas pode sempre tentar que eles percebam que devem falar apenas quando lhe dão permissão, não devem interromper os outros, devem estar com atenção. Será necessário interromper uma reunião de pais com uma questão deste calibre?
- Ainda outra mãe, coitada da senhora, que não tem culpa, mas, quem a ouve também não, sai-se com esta para a audiência em geral e para a professora enm particular: "- Olha, e como tá o pobrêma da minha filha com o português?" - isto com sotaque de português do Brasil.
Entendo que o problema comece na própria mãe; se a criança ouve falar assim todos os dias, acredito que lhe seja muito complicado entender a dicção de um Francisco Louçã!
- And last but not the least, levantei-me eu em primeiro lugar para sair dali para fora, já que entendo que uma reunião de pais serve para tratar de assuntos gerais, porque para as particularidades serve o dia de atendimento pessoal da professora, ao me despedir da professora perguntei-lhe apenas como estava o comportamento da minha filha, se tinha melhorado, já que o seu espírito irrequieto lhe dificultou a vida e o trabalho nos primeiros meses. A miúda está melhor, mais focada, não tem problemas de aprendizagem.
Óptimo, isso alegra-me. Nisto começa a aproximar-se uma mãe que me pergunta quem é a minha filha, isto com aquele ar de quem se quer meter na conversa; a professora aproveitou para comentar que a minha filha faz uma certa faísca com a filha da dita senhora; a Lady Tinky porque tem aquele feitio soviético e a outra, e nisto vira-se para a outra mãe, porque tem "a mão leve, e deve corrigi-lo".
Remata a mãe a sorrir com ar de orgulho:
"A minha filha tem uma personalidade muito forte" - portante, temos uma bullyer em potência e a mãe chama-lhe força de carácter!
E agora sim, a última das últimas; ainda relativamente à minha filha, e após o comentário do feitio soviético e torcido e da tendência para o melodrama e a lágrima no olho, a professora diz-me por acaso com ar de orgulho, que a minha miúda é de facto uma criança muito inteligente, não tem qualquer dificuldade de aprendizagem e é bastante culta para a idade que tem; antes de eu poder reagir, vem de lá uma mãe que quase me empurra e diz de uma forma bastante audível:
"O meu filho também é muito inteligente e culto!"
Pimba, quem fala assim não é gago, porque o meu filho, nem que seja só para mim, é melhor do que a tua.
E aqui, no rescaldo deste episódio lúdico concluo que, eu nunca poderia ser professora, muito menos do ensino básico, pior ainda do 1º ciclo. É que com pais destes, como querem ter miúdos equilibrados!?
- Uma mãe com uma silhueta acima do avantajado alapada na cadeira (honestamente analisando o tamanho dos assentos, não sei como é que ela não tombava), levou uma criança barulhenta com cerca de 2 anos e não se dignou a tomar conta dela. Ok, não tinha obrigação de ter com quem o deixar, mas não tinha que ser a professora primária que estava a tentar informar os pais das restantes 25 crianças do que foi o balanço do 1º período, a entreter a criança, a dar-lhe ora uma caneta, ora um lápis ou a dizer-lhe "da minha garrafa não podes beber água)
- Outra mãe, após comentar que sabe que o filho é conversador, solicita ajuda à professora para lhe ensinar a lidar com o filho em casa e a melhor forma de o convencer a não falar dentro da sala de aula, ou, a falar o mínimo - For Christ Sake - isto é uma tentativa de graxa, ou a mulher é mesmo parva?
Se acha que o filho tem um problema, leve-o ao médico; se não, é bom que perceba que uma pessoa conversadora é automaticamente mais extrovertida do que uma pessoa calada. Logo, trata-se de uma característica intrínseca ao ser humano em questão. Mudar, com estas idades é difícil, mas pode sempre tentar que eles percebam que devem falar apenas quando lhe dão permissão, não devem interromper os outros, devem estar com atenção. Será necessário interromper uma reunião de pais com uma questão deste calibre?
- Ainda outra mãe, coitada da senhora, que não tem culpa, mas, quem a ouve também não, sai-se com esta para a audiência em geral e para a professora enm particular: "- Olha, e como tá o pobrêma da minha filha com o português?" - isto com sotaque de português do Brasil.
Entendo que o problema comece na própria mãe; se a criança ouve falar assim todos os dias, acredito que lhe seja muito complicado entender a dicção de um Francisco Louçã!
- And last but not the least, levantei-me eu em primeiro lugar para sair dali para fora, já que entendo que uma reunião de pais serve para tratar de assuntos gerais, porque para as particularidades serve o dia de atendimento pessoal da professora, ao me despedir da professora perguntei-lhe apenas como estava o comportamento da minha filha, se tinha melhorado, já que o seu espírito irrequieto lhe dificultou a vida e o trabalho nos primeiros meses. A miúda está melhor, mais focada, não tem problemas de aprendizagem.
Óptimo, isso alegra-me. Nisto começa a aproximar-se uma mãe que me pergunta quem é a minha filha, isto com aquele ar de quem se quer meter na conversa; a professora aproveitou para comentar que a minha filha faz uma certa faísca com a filha da dita senhora; a Lady Tinky porque tem aquele feitio soviético e a outra, e nisto vira-se para a outra mãe, porque tem "a mão leve, e deve corrigi-lo".
Remata a mãe a sorrir com ar de orgulho:
"A minha filha tem uma personalidade muito forte" - portante, temos uma bullyer em potência e a mãe chama-lhe força de carácter!
E agora sim, a última das últimas; ainda relativamente à minha filha, e após o comentário do feitio soviético e torcido e da tendência para o melodrama e a lágrima no olho, a professora diz-me por acaso com ar de orgulho, que a minha miúda é de facto uma criança muito inteligente, não tem qualquer dificuldade de aprendizagem e é bastante culta para a idade que tem; antes de eu poder reagir, vem de lá uma mãe que quase me empurra e diz de uma forma bastante audível:
"O meu filho também é muito inteligente e culto!"
Pimba, quem fala assim não é gago, porque o meu filho, nem que seja só para mim, é melhor do que a tua.
E aqui, no rescaldo deste episódio lúdico concluo que, eu nunca poderia ser professora, muito menos do ensino básico, pior ainda do 1º ciclo. É que com pais destes, como querem ter miúdos equilibrados!?
Comentários
Olha, querida Brown Eyes, aturar Pais que tentam compensar a falta de atenção que dão aos filhos com defesas estapafurdias, como se os protegessem de alguma coisa (o mundo também nos ensina a melhorar, não? calibra-nos ali o ego que é um espectáculo) é a pior coisa da minha vida. E está a piorar tanto, tanto, que eu estou há meses sem coragem para pôr anúncios: explicações de Matemática, com orientação para o estudo autónomo dos alunos. A sério, isto da autonomia, do mérito, já não é vantagem para ninguém; os Pais querem que os outros cuidem dos filhos, sem críticas, sem elogios aos demais, sem disciplina, sem análise, sem compromisso, emoção, racionalidade, responsabilidade. É nada, rien. Só quando o miudo os irrita é que vão no sistema do "levas uma chapada na boca", mais o berro, muito ao estilo "já destes o comer ao menino?", mas em modo agressivo, adaptado aos 15, 16 anos, que é a idade com quem trabalho. E ouço isto sempre: "Mas eu dei-lhe tudo, nunca me chateei com ele, e agora falta às aulas, fuma de tudo, chega bêbado a casa sei lá onde é que ele anda, responde torto a toda a gente... Não conheço o meu filho." Triste, triste. É um prubrêma mesmo.
Desculpa o desabafo! Tu és uma Mãezona. Só passei mesmo para vos desejar um Bom 2017. Beijinhos até ao infinito.