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Kant

Quando me vi a braços com a filosofia de Kant pela primeira vez, fiquei "assustada". Foi o primeiro filósofo e talvez o único que me deu bastante trabalho a compreender, tanto que, eu, uma aluna com uma média em Filosofia de 16/17 valores, quando fui confrontada com Kant aos meus 16 anos tive um 10 no primeiro teste.

Jamais esquecerei as coisas que me passaram pela cabeça, porque é que ainda por cima tendo o melhor professor de Filosofia do liceu eu tenho uma nota daquelas.

Não é por nada, mas para mim um 10 era tão ou mais revoltante do que tirar um 6/7...algo que nunca pude constatar porque nunca os tirei, mas continuo a achar que seria menos arrebatador.
Um 6/7 é de burrice ou falta de dedicação pura. Um 10, dá-se porquê? Pena...ah e tal, não vou dar negativa a esta, dou-lhe um 10! Raios de nota deprimente.

Eu que tinha entrado na "mente" do Aristóteles, eu que fui desafiada aos 15 anos a ler a República (e li), eu que venerava Sartre, acabo por ser enxovalhada porque não entro nos princípios de um ser racional que apenas pela sua movimentação pelas ruas de Konigsberg faz com que os locais acertem os relógios á sua passagem!?

Não podia ser.

Li as Críticas da Razão Pura e da Razão Prática de uma ponta à outra reli, e cheguei à conclusão de que o Senhor foi brilhante.

Tudo começa e acaba com a Razão, passa pela ética e pela moral. Os conceitos do estético e do teológico mezclados com os julgamentos morais e empíricos e a obra brilhante da Crítica da Faculdade de Julgar (Crítica do Juízo).

Ontem relembrei estes conceitos ao falar com um grande amigo que, entre outras coisas se dedica também a terminar a sua segunda licenciatura, desta vez em Filosofia, e a preparar o Mestrado tendo como tema a lógica para Aristóteles.

Um acto heróico, chega a ser matemático, mas sem dúvida nenhuma inspirador.

...que saudades que eu tenho dos tempos em que discutia este tipo de coisas com pessoas capazes, em que as grandes dúvidas existenciais se baseavam nestes autores e em que nos degladiávamos acerca da existência real de Sócrates (o filósofo) ou se seria uma mera invenção de Platão!

Felizmente ainda conservo à minha volta estas amizades genuínas, inteligentes e cujas personalidades cativantes me fazem ter vontade de seguir em frente e relembrar que outrora também eu fui uma perfeita idealista!

PS: Apesar do deslize do 1º teste, acabei o 12º com uma nota confortável a Filosofia, ironicamente nas provas de aferição e específica da mesma disciplina, com o mesmo tema, tive notas completamente díspares, sendo que a menor não foi de todo vergonhosa e pasmei-me quando no fim de contas o imprevisível aconteceu. Fiz um brilharete a História, coisa que nem me passava pela cabeça.
Era tudo bem sui generis nesses longinquos anos de 94/95.

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