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Memórias

Não há nada como as memórias...as boas memórias sobretudo.

E quando nos ficam boas memórias das pessoas que já partiram é um perfeito sinal de que as suas vidas e a forma como se cruzaram connosco tiveram uma valência, um propósito e que tal foi de facto cumprido.

Lembro-me por exemplo dos gestos de carinho da minha avó, dos beijinhos que me dava na ponta do nariz, das sestas que fazia comigo quando eu era pequenina, do carinho com que me preparava o lanche da escola, do sorriso e dos acenos que me dedicava quando me ia buscar ou quando me ia simplesmente visitar ao recreio.

Lembro-me das estórias de encantar que a minha mãe me lia ao deitar e de quantas ainda guardo comigo, da colecção de borrachas de cheiro e dos carrinhos, que todos os dias com todo o amor me trazia, para compensar as ausências a que a vida laboral obriga...como que dizendo com aqueles gestos, "eu não me esqueço de ti".

O meu padrasto era o conciliador, o quebra-castigos. A minha mãe dizia "não compro as Levy's" por isto e por aquilo, e no dia a seguir lá tinha eu as 501 no armário...era a forma dele me compensar por carências de pai que ele sabia que eu tinha.

E estaria aqui um dia inteiro a recordar tantas pessoas e tantos gestos de amor que nos marcam e nos acompanham ao longo do nosso percurso.

E...apesar da tenra idade da minha Bébécas, já dou por mim a ter rotinas com ela que revelam todo o amor e toda a entrega que ela um dia irá recordar, mesmo quando eu já não fizer parte da sua vida quotidiana, e a minha presença seja apenas pautada por memórias.

Os "apelidos" carinhosos que lhe chamo e que são só nossos, os momentos só nossos, a despedida à hora de deitar e a farra que fazemos ao acordar.

Não há nada como sermos recordados pelos nossos e deixarmo-lhes boas memórias.

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